A pós-modernidade tem gerado uma espécie de cristianismo relativista no que tange aos valores morais e éticos. A mensagem profética proferida pelos profetas do antigo testamento, por Jesus e seus apóstolos está em desuso nas igrejas. A busca pelo mágico e por soluções pragmáticas para lidar com as agruras da vida tem formado cristãos mimados e egocêntricos no exercício de sua espiritualidade. E infelizmente quem tem contribuído para fomentar esse sentimento, são os líderes que deveriam esmerar-se em ensinar todo o desígnio de Deus ao rebanho de Cristo. O evangelicalismo brasileiro está agonizando e prestes a ruir tamanha mediocridade e falta de conhecimento bíblico-teológico dos pastores(as) que deveriam preocupar-se em estudar a palavra e dar um alimento saudável ao povo.
Porém, o que se vê no meio evangélico hoje é um poder que não vem do alto, mas, da politicagem, dos esquemas escusos e das negociatas ilícitas em nome de "Deus". Os protestantes não estão protestando mais, estamos nos amoldando a hierarquização e voltando a mentalidade medieval papal nos nossos discursos. Através da manipulação das palavras temos visto o que se tem de pior no meio evangélico brasileiro que é o fascismo disfarçado de piedade e moral ilibada. Vemos ajuntamentos entre pentecostais, tradicionais, neopentecostais, espíritas e umbandistas "milagrosamente" juntos em luta da família e dos bons costumes.
Na verdade, não conseguimos dialogar com as minorias(homossexuais, ateus, espíritas, prostitutas, etc) e por isso queremos impor nossos valores aos mais fracos na marra. Se não compreendermos que o evangelho deve atingir os corações (desejo/vontade) para então mudarmos sua mentes (cosmovisão) através da mensagem do evangelho, nunca conseguiremos subverter este mundo caído e com marcas nebulosas do efeito noético do pecado.
O discurso de alguns líderes evangélicos é praticamente impossível de serem ouvidos pela sociedade contemporânea tamanha falta ética e princípios de respeito a dignidade humana. O falecido Pastor John Stott escreveu um livro chamado "Ouça o Espírito, ouça o mundo" que acredito que os cristãos brasileiros precisam ler se fato quisermos criar um ambiente dialogal entre nós e a sociedade. Enquanto mantivermos ojeriza às pessoas em detrimento de uma pseudo-moral cristã, só iremos construir pontes ao invés de muros com o mundo.
O apóstolo Paulo é um grande exemplo para nós cristãos comprometidos com as escrituras e com um evangelho integral e transformador de vidas. Ele conseguia transitar em todas as esferas da sociedade. No capítulo 17 de atos vemos isto de maneira bem clara quando identificamos três contextos sociais distintos, porém, todos eles precisando ouvir a palavra de Deus.
Encontramos Paulo com os filósofos gregos (academia) (Ali se debatia sobre, política, filosofia, valores, ética, etc); logo em seguida vemos o mesmo Paulo transitando para a praça (pessoas comuns, problemas reais, crises existenciais, cotidiano, etc) e depois o encontramos na sinagoga (Religião). (choque de cosmovisões, dominação, poder, etc.). Paulo soube chegar e sair de todos esses ambientes deixando a semente da palavra em cada ocasião. Que aprendamos com Paulo a sermos sábios e prudentes no contato com as diversas realidades que nos assolam. Amém.
Marco Carvalho
É uma grande verdade, precisamos ouvir o mundo. Mas para ouvir-lo temos que está em contato com ele, em diálogo com ele. Vejo que esse é um grande desafio para a igreja dos moldes de hoje.
ResponderExcluirAbraço