Estamos vivendo um colapso emocional na sociedade contemporânea. A
falta de amor ao próximo e a si próprio tem caracterizado homens e
mulheres na pós-modernidade. A busca por realização pessoal, a
secularização do Estado, a alienação religiosa, o individualismo
em detrimento do coletivo tem gerado pessoas insensíveis a dor
alheia e indiferentes umas com as outras.
O que espanta-me nisto tudo é quando a igreja de Cristo se apossa
desta mesma lógica em seus discursos religiosos para obterem algum
lucro ou coisa parecida. Digo isto, pois recentemente o pastor Silas
Malafaia inventou um tal desafio aos seus críticos e blogueiros que
em seus escritos tem questionado suas posições teológicas sobre a
Teologia da prosperidade. E para tal desafio, Silas pregou no texto
de 2 Co 9:8-10 para fundamentar sua tese sobre a prosperidade divina
e mostrar aos seus opositores onde estaria o erro bíblico dele.
Se realmente ele quisesse fazer um desafio sobre tal assunto, porque
não abriu um espaço democrático em seu programa para aqueles que
discordam de suas posições pudessem expor suas ideias sobre o
referido tema? Entretanto, o que assistimos foi alguém reverberando
uma interpretação distorcida do texto paulino sobre uma das
passagens mais significativas da solidariedade humana. O que nos foi
revelado em sua mensagem é o que há de pior na relação do homem
com Deus, que é a barganha.
Em seu discurso, Silas reproduz o lógica neoliberal e capitalista
que permeia as relações desta sociedade. Para compreendermos o
texto em sua amplitude, precisamos analisar o capítulo 8 de 2ª
Coríntios que é o pano de fundo para entendermos o que o apóstolo
Paulo quis ensinar aquela igreja que tinha como marca a
individualidade, a soberba e o egoísmo (1ª Co 1:10-11). Foi
lamentável ouvir alguém que tem por vocação e chamado ensinar
todo o conselho de Deus ter prestado um desserviço a hermenêutica
bíblica e principalmente ao bom senso.
Desde o nosso início na vida cristã, ouvimos sobre a graça como
um favor imerecido de Deus para com suas criaturas. É algo que
recebemos não por nossos méritos ou capacidade em lidar com o
sagrado. Por esta razão a graça é de graça, pois, senão for
assim não é evangelho. Infelizmente, este conceito está cada vez
mais escasso das mensagens bíblicas. Contudo, a graça em em meio ao
sofrimento não é uma ideia agradável no pensamento cristão
moderno.
Em tempos onde a ganância e a busca pelo poder tem se manifestado
cada vez mais no seio das igrejas, se faz necessário entendermos a
contribuição efetuada pelos cristãos sirvam como uma expressão
solidária e humanitária para aqueles que padecem fome, miséria e
outras necessidade existenciais que foram supridas pela Graça de
Deus na vida daqueles servos(as) do Senhor. Amém.
Marco Carvalho
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