8 de junho de 2012

Em busca da solidariedade


        
         Estamos vivendo um colapso emocional na sociedade contemporânea. A falta de amor ao próximo e a si próprio tem caracterizado homens e mulheres na pós-modernidade. A busca por realização pessoal, a secularização do Estado, a alienação religiosa, o individualismo em detrimento do coletivo tem gerado pessoas insensíveis a dor alheia e indiferentes umas com as outras.
       O que espanta-me nisto tudo é quando a igreja de Cristo se apossa desta mesma lógica em seus discursos religiosos para obterem algum lucro ou coisa parecida. Digo isto, pois recentemente o pastor Silas Malafaia inventou um tal desafio aos seus críticos e blogueiros que em seus escritos tem questionado suas posições teológicas sobre a Teologia da prosperidade. E para tal desafio, Silas pregou no texto de 2 Co 9:8-10 para fundamentar sua tese sobre a prosperidade divina e mostrar aos seus opositores onde estaria o erro bíblico dele.
        Se realmente ele quisesse fazer um desafio sobre tal assunto, porque não abriu um espaço democrático em seu programa para aqueles que discordam de suas posições pudessem expor suas ideias sobre o referido tema? Entretanto, o que assistimos foi alguém reverberando uma interpretação distorcida do texto paulino sobre uma das passagens mais significativas da solidariedade humana. O que nos foi revelado em sua mensagem é o que há de pior na relação do homem com Deus, que é a barganha.
     Em seu discurso, Silas reproduz o lógica neoliberal e capitalista que permeia as relações desta sociedade. Para compreendermos o texto em sua amplitude, precisamos analisar o capítulo 8 de 2ª Coríntios que é o pano de fundo para entendermos o que o apóstolo Paulo quis ensinar aquela igreja que tinha como marca a individualidade, a soberba e o egoísmo (1ª Co 1:10-11). Foi lamentável ouvir alguém que tem por vocação e chamado ensinar todo o conselho de Deus ter prestado um desserviço a hermenêutica bíblica e principalmente ao bom senso.
       Desde o nosso início na vida cristã, ouvimos sobre a graça como um favor imerecido de Deus para com suas criaturas. É algo que recebemos não por nossos méritos ou capacidade em lidar com o sagrado. Por esta razão a graça é de graça, pois, senão for assim não é evangelho. Infelizmente, este conceito está cada vez mais escasso das mensagens bíblicas. Contudo, a graça em em meio ao sofrimento não é uma ideia agradável no pensamento cristão moderno.
       Em tempos onde a ganância e a busca pelo poder tem se manifestado cada vez mais no seio das igrejas, se faz necessário entendermos a contribuição efetuada pelos cristãos sirvam como uma expressão solidária e humanitária para aqueles que padecem fome, miséria e outras necessidade existenciais que foram supridas pela Graça de Deus na vida daqueles servos(as) do Senhor. Amém.
Marco Carvalho


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