28 de agosto de 2012

PLANTANDO HOJE AS ALEGRIAS DE AMANHÃ - PARTE I

 
REFLEXÃO EM GÁLATAS 6:1-10

Plantar alegria num mundo tão perverso como temos visto não tem sido uma tarefa simples. O meu desejo neste texto é que ao lermos possamos desfrutar de algo maravilhoso da palavra de Deus para o seu coração. Como plantar hoje para obtermos alegria amanhã?

I – CARREGANDO OS FARDOS UNS DOS OUTROS (v. 1-5)

            O legalista não está interessado em carregar fardos. Em vez disso, coloca ainda mais fardos sobre os outros (At 15:10). Esse era um dos pecados dos fariseus do tempo de Jesus: "Atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-Ios" (Mt 23:4). O legalista é sempre mais severo com outras pessoas do que consigo mesmo, mas o cristão guiado pelo Espírito exige mais de si mesmo do que dos outros, para que possa ser capaz de ajudar os outros.
             O termo surpreendido indica que não se trata de um caso de desobediência deliberada. Por que Paulo usa essa ilustração? Porque nada revela de maneira mais clara a perversidade do legalismo do que a maneira como os legalistas tratam aqueles que pecaram. Podemos nos recordar do caso dos fariseus que arrastaram até Jesus uma mulher que havia sido pega em adultério no evangelho de João capítulo 8. Os legalistas não precisam de fatos; precisam apenas de suspeitas e boatos.
            O termo "corrigir" também pode ser traduzido por "restaurar" e, nesse contexto, significa "reparar, consertar uma rede ou um osso fraturado". Eu e você somos chamados por Deus para o ministério da reconciliação e não o da acusação. Não devemos ficar legislando sobre a vida dos irmãos que caem em pecado.
            A maneira como essa restauração deve ser feita é com mansidão e não com aspereza ou dureza. Quando alguém se quebra, desvia ou cai, precisa de mansidão e cuidado e não de uma imposição. Em Mateus 18.15, lemos: “Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão”. O objetivo não é condenar ou livrar-se de seu irmão, mas ganhá-lo.
            É interessante que, ao longo dessa carta de Gálatas, o apóstolo Paulo fala várias vezes contra a idéia de seguir o legalismo judaico para ser salvo. No entanto, no versículo 2, ele diz para cumprirmos a lei de Cristo: Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo. A lei à qual o apóstolo faz referência nesse versículo é a lei do amor incondicional e não a tradição religiosa.
            Nos versos 2 e 5 parece existir uma contradição. Porém, esta aparente contradição é explicável pois são usados dois termos gregos diferentes, o primeiro é traduzido por cargas e o segundo, por fardo. Em Gálatas 6:2 a palavra significa "uma carga pesada", enquanto em Gálatas 6:5 descreve "a mochila de um soldado". Devemos ajudar uns aos outros a carregar os grandes pesos da vida, mas há certas responsabilidades pessoais que cada um deve carregar sozinho. "Cada soldado deve levar sua própria mochila". Existem responsabilidades na caminhada de vida cristã que não podemos transferir para outros. Ler a palavra, orar, ter uma vida em santidade, educar os filhos, escolha de um emprego, etc. Podemos receber conselhos mais a decisão é pessoal e intransferível.
            O cristão guiado pelo Espírito aborda a situação com um espírito de mansidão e de amor, enquanto o legalista demonstra uma atitude de orgulho e de condenação. O legalista não precisa "guardar-se", pois finge que jamais seria capaz de cometer tal pecado. No entanto, o cristão que vive pela graça sabe que ninguém está livre de cair. "Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia" (1 Co 10:12). Sua atitude de humildade é decorrente da consciência das próprias fraquezas.
 
Continuamos no próximo post...
 
 Marco Carvalho


 

16 de agosto de 2012

Se eu tiver fé, poderei fazer mais milagres que Jesus? DITOS DIFÍCEIS DE JESUS - IV

"Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai" (João 14.12).

            Jesus fez esta promessa aos seus discípulos na noite em que foi traído, antes de ir com eles para o Getsêmani, durante o jantar em que instituiu a Ceia. O Senhor falou que iria para o Pai preparar lugar para os discípulos (Jo 14.1-4), e em seguida explicou como eles chegariam lá (14.5-6). Respondendo ao pedido de Filipe para que lhes mostrasse o Pai, Jesus explica que Ele está de tal forma unido ao Pai, que vê-lo é ver o Pai (14.7-9). E como prova de que Ele está no Pai e o Pai está nEle, Jesus aponta para as obras que realizou (14.10-11). E em seguida, faz esta promessa, “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (14.12).
            Este dito de Jesus é difícil porque parece prometer que seus discípulos seriam capazes de realizar os milagres que Ele realizou, e até mesmo maiores, se somente cressem nEle – e pelo que lemos no livro de Atos e na história da Igreja, esta promessa não parece ter-se cumprido. Compreender o real sentido desta passagem tem se tornado ainda mais crucial, pois ela tem sido usada, após o surgimento do movimento pentecostal e seus desdobramentos, para defender modernas manifestações miraculosas, iguais e maiores dos que as efetuadas pelo próprio Jesus Cristo.
            Há duas principais tentativas de interpretar este dito de Jesus:

1. As “obras” são os milagres físicos realizados por Jesus.
            A interpretação popular e mais comum, aceita pela maioria dos evangélicos no Brasil (esta maioria, por sua vez, é composta na maior parte por pentecostais e neopentecostais), é que Jesus realmente prometeu que seus discípulos seriam capazes de realizar os mesmos milagres que Ele realizou, e mesmo maiores. É importante notar que muitos membros de igrejas históricas, como presbiterianos, batistas, congregacionais e episcopais, entre outros, também foram influenciados por este ponto de vista.

             Nesta interpretação, a palavra “obras” é entendida exclusivamente como se referindo aos milagres físicos que Jesus realizou, como curas, exorcismos e ressurreição de mortos. Os adeptos desta interpretação entendem que existem hoje pastores, obreiros e crentes com capacidade para realizar os mesmos milagres de Jesus – e até maiores. Defendem que curas, visões, revelações e de outras atividades miraculosas estão acontecendo no seio de determinadas igrejas nos dias de hoje, exatamente como aconteceram nos dias de Jesus e dos apóstolos. E desta perspectiva, se uma igreja evangélica não realiza estes sinais e prodígios, significa que ela é fria, morta, sem fé viva em Jesus.

            Apesar desta interpretação parecer piedosa e cheia de fé (e é por isto que muitos a aceitam), tem algumas dificuldades óbvias. Primeira, apesar dos milagres que realizaram, nem os apóstolos, que foram os cristãos mais próximos desta promessa, parecem ter suplantado aqueles de Jesus, em número e em natureza. Jesus andou sobre as águas, transformou água em vinho, acalmou tempestades e suas curas, segundo os Evangelhos, atingiram multidões. Não nos parece que os apóstolos, conforme temos no livro de Atos, suplantaram o Mestre neste ponto. Segundo, a História da Igreja não registra, após o período apostólico, a existência de homens que tivessem os mesmos dons miraculosos dos apóstolos e que tenham realizado milagres ao menos parecidos com os de Jesus. Na verdade, os grandes homens de Deus na História da Igreja nunca realizaram feitos miraculosos desta monta, como Agostinho, Lutero, Wycliffe, Calvino, Bunyan, Spurgeon, Moody, Lloyd-Jones, e muitos outros.
            Os pregadores pentecostais que afirmam ser capazes de realizar milagres semelhantes, e ainda maiores, não têm um ministério de cura e milagres consistente e ao menos semelhantes aos de Jesus. O famoso John Wimber, um dos maiores defensores das curas modernas, morreu de câncer na garganta. Antes de morrer, confessou que nunca conseguiu curar uma criança com problemas mentais, e nem conhecia ninguém que o tivesse feito. Os cultos de cura de determinadas igrejas neopentecostais alegam milagres que são de difícil comprovação. Terceiro, esta interpretação deixa sem explicação o resto da frase de Jesus: “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (14.12). E por último, esta interpretação implica que os cristãos que não fizeram os mesmos milagres que Jesus fez não tiveram fé suficiente, e assim, coloca na categoria de crentes “frios” os grandes vultos da História da Igreja e milhões de cristãos que nunca ressuscitaram um morto ou curaram uma doença.
            Esclareço que não estou dizendo que Deus não faz milagres hoje. Creio que Ele faz, sim. Creio que Ele é poderoso para agir de forma sobrenatural neste mundo e que Ele faz isto constantemente. O que estou questionando é a interpretação desta passagem que afirma que se tivermos fé faremos milagres maiores do que aqueles realizados por Jesus.

2. As “obras” se referem ao avanço do Reino de Deus no mundo
            A outra interpretação entende que Jesus se referia obra de salvação de pecadores, na qual, obviamente, milagres poderiam ocorrer. Os principais argumentos em favor desta interpretação são estes:
a. A expressão “quem crê em mim” é usada consistentemente no Evangelho de João para se referir ao crente em geral, em contraste com o mundo que não crê. Examine as passagens abaixo:

·         Jo 6:35 Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.
·         Jo 6:47 Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.
·         Jo 11:25-26 Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?
·         Jo 12:46 Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.

            Fica claro pelas passagens acima que aqueles que crêem em Jesus são os crentes em geral, e que a fé em questão é a fé salvadora. Por analogia, a expressão “quem crê em mim” em João 14.12 também se refere a todo crente, e não àqueles que teriam uma fé tão forte que seriam capazes de exercer o mesmo poder de Jesus em realizar milagres – e até suplantá-lo!
b. O termo “obras” referindo-se às atividades de Jesus, é usado no Evangelho de João para se referir a tudo aquilo que Ele fez, conforme determinado pelo Pai, para mostrar Sua divindade, para salvar pecadores e para glorificar ao Pai. Veja estas passagens: Jo 4:34; 5:20,36; 6:28,29; 7:3; 9:3,4; 10:25,32,33,37,38; 14:10,11; 14:12; 15:24; 17:4. O termo “obras” não se refere exclusivamente aos milagres de Jesus, muito embora em algumas ocorrências os inclua.
            No contexto da passagem que estamos examinando, Jesus usa o termo “obras” para se referir às palavras que Ele tem falado: “Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras” (Jo 14.10). É evidente, portanto, que não se pode entender o termo “obras” em Jo 14.12 como se referindo exclusivamente aos milagres físicos realizados por Jesus. O termo é muito mais abrangente e se refere à sua toda atividade terrena realizada com o fim de salvar pecadores: palavras, atitudes e, sem dúvida, milagres.
c. A frase “porque eu vou para junto do Pai” fornece a chave para entender este dito difícil. Enquanto Jesus estava neste mundo, sua ação salvadora era limitada pela sua presença física. Seu retorno à presença do Pai significava a expansão ilimitada do Reino pelo mundo através do trabalho dos discípulos, começando em Jerusalém e até os confins da terra.

            Como vimos, as “obras” que Ele realizou não se limitavam apenas aos milagres físicos, mas incluíam a influência dos mesmos nas pessoas e a pregação do Reino efetuada por Jesus. Estas obras, porém, estavam limitadas pela Sua presença física em apenas um único lugar ao mesmo tempo. As “obras maiores” a ser realizadas pelos que crêem devem ser entendidas deste ponto de vista: os discípulos, através da pregação da Palavra no mundo todo, suplantaram em muito a área de atuação e influência do Senhor Jesus, quando encarnado. Adotar a interpretação acima não significa dizer que milagres não acontecem mais hoje. Estou convencido de que eles acontecem e que estão implícitos neste dito do Senhor Jesus. Entretanto, eles ocorrem como parte da obra de expansão do Reino, que é a obra maior realizada pela Igreja.
            
            O dito de Jesus, portanto, não está prometendo que qualquer crente que tenha fé suficiente será capaz de realizar os mesmos milagres que Jesus realizou e ainda maiores – a Escritura, a História e a realidade cotidiana estão aí para contestar esta interpretação – e sim que a Igreja seria capaz de avançar o Reino de Deus de uma forma que em muito suplantaria o que Jesus fez em seu ministério terreno. Os milagres certamente estariam e estão presentes, não como algo que sempre deve acontecer, dependendo da fé de alguns, e não por mãos de pretensos apóstolos e obreiros super poderosos, mas como resposta do Cristo exaltado e glorificado às orações de seu povo.

9 de agosto de 2012

POLÍTICA E RELIGIÃO - PARTE 2 - ALIENAÇÃO


           No último post sobre religião e política, coloquei um vídeo onde o Pr. Silas Malafaia diz claramente que dará seu apoio ao candidato à reeleição o senhor Eduardo Paes. Sempre achei estranha essa participação evangélica na política. Não sou partidário de que cristãos não devam envolver-se em questões de cunho político. A questão é sabermos até onde um pastor ou líder religioso pode ou não influenciar seus liderados para votarem em determinado candidato.
            O meu ponto de reflexão é sobre a mídia como instrumento de alienação política. Diz o ditado popular que uma imagem vale mais que 1000 palavras, e partindo dessa premissa o meu desejo é que tal imagem reflita o atual momento da política brasileira. Estamos em um dos julgamentos mais importantes na história da política nacional e este grande veículo de informação que é a revista supracitada, desvia o foco dos seus leitores para uma das novelas mais assistidas dos últimos anos que é a novela Avenida Brasil.
            Penso que a novela não deva ser mais importante do que o julgamento dos envolvidos nos mensalões. O mais impressionante é saber que muitos evangélicos estão envolvidos nessa maracutaia toda e que em breve retornarão. Do jeito que andam as coisas lá no congresso, me parece que paira um aroma de pizza no ar. Que Deus tenha misericórdia.
continuamos no próximo post...

Marco Carvalho

7 de agosto de 2012

POLÍTICA E RELIGIÃO - PARTE 1

            Estamos acompanhando pelos meios de comunicação o início do julgamento do mensalão. Assistindo os advogados de defesa dos envolvidos nos escândalos, a impressão que tenho é de que tudo acabará em lugar nenhum e que em breve os mesmos estarão sendo reeleitos nos cargos públicos de nossa nação. Está aí a história não tão distante que pode comprovar isto.
            Entretanto, o ponto que gostaria de comentar para nossa reflexão é o apoio de pastores e lideranças evangélicas com candidatos um tanto quanto questionáveis no que tange seus valores, ética e administração da máquina pública. Ao que tudo indica o pastor Silas Malafaia declarou apoio ao candidato à reeleição e atual prefeito Eduardo paz conforme vídeo abaixo:
            Prestem atenção quando ele fala do seu apoio aos 4:30min em diante. Fica claro o total apoio de Silas ao candidato. Qual sua opinião sobre isso? Continuamos no próximo post.
Marco Carvalho