27 de junho de 2012

FELIZ ANIVERSÁRIO

         No ano de 2011 no mês de junho nasceu um destes sonhos em meio as crises existenciais que todos em algum momento atravessam.O sonho que tive e virou realidade foi a concretização deste singelo blog cristão que tem por objetivo anunciar as boas vindas do Reino, denunciar os abusos eclesiásticos e servir de reflexão sobre diversos assuntos em nossa sociedade. Gostaria de agradecer a todos e todas que tem contribuído na construção deste blog e consequentemente a continuação deste sonho que tornou-se real na minha vida e de minha família.
        Agradeço a Deus pela vida de minha esposa por sua paciência, carinho, dedicação e incentivo nos momentos difíceis em continuar em prosseguir a escrever mesmo quando o tempo, o cansaço, a falta de idéias teimavam em tomar conta de mim. A paz para todos.
          Em virtude deste 1º aninho de vida, gostaria de realizar uma série de textos sobre Teologia, Academia e História nos próximos dias e contar com as contribuições dos meus amigos do blog com seus comentários sempre oportunos e enriquecedores e para crescermos juntos na fé, esperança e no amor de Cristo Jesus, o autor e consumador de nossa fé. Um abraço para todos vocês.

Marco Carvalho

20 de junho de 2012

OUVIR O MUNDO, É RETIRAR OS RUÍDOS

 
        A pós-modernidade tem gerado uma espécie de cristianismo relativista no que tange aos valores morais e éticos. A mensagem profética proferida pelos profetas do antigo testamento, por Jesus e seus apóstolos está em desuso nas igrejas. A busca pelo mágico e por soluções pragmáticas para lidar com as agruras da vida tem formado cristãos mimados e egocêntricos no exercício de sua espiritualidade. E infelizmente quem tem contribuído para fomentar esse sentimento, são os líderes que deveriam esmerar-se em ensinar todo o desígnio de Deus ao rebanho de Cristo. O evangelicalismo brasileiro está agonizando e prestes a ruir tamanha mediocridade e falta de conhecimento bíblico-teológico dos pastores(as) que deveriam preocupar-se em estudar a palavra e dar um alimento saudável ao povo. 
            Porém, o que se vê no meio evangélico hoje é um poder que não vem do alto, mas, da politicagem, dos esquemas escusos e das negociatas ilícitas em nome de "Deus". Os protestantes não estão protestando mais, estamos nos amoldando a hierarquização e voltando a mentalidade medieval papal nos nossos discursos. Através da manipulação das palavras temos visto o que se tem de pior no meio evangélico brasileiro que é o fascismo disfarçado de piedade e moral ilibada. Vemos ajuntamentos entre pentecostais, tradicionais, neopentecostais, espíritas e umbandistas "milagrosamente" juntos em luta da família e dos bons costumes.
          Na verdade, não conseguimos dialogar com as minorias(homossexuais, ateus, espíritas, prostitutas, etc) e por isso queremos impor nossos valores aos mais fracos na marra. Se não compreendermos que o evangelho deve atingir os corações (desejo/vontade) para então mudarmos sua mentes (cosmovisão) através da mensagem do evangelho, nunca conseguiremos subverter este mundo caído e com marcas nebulosas do efeito noético do pecado. 
           O discurso de alguns líderes evangélicos é praticamente impossível de serem ouvidos pela sociedade contemporânea tamanha falta ética e princípios de respeito a dignidade humana. O falecido Pastor John Stott escreveu um livro chamado "Ouça o Espírito, ouça o mundo" que acredito que os cristãos brasileiros precisam ler se fato quisermos criar um ambiente dialogal entre nós e a sociedade. Enquanto mantivermos ojeriza às pessoas em detrimento de uma pseudo-moral cristã, só iremos construir pontes ao invés de muros com o mundo.
          O apóstolo Paulo é um grande exemplo para nós cristãos comprometidos com as escrituras e com um evangelho integral e transformador de vidas. Ele conseguia transitar em todas as esferas da sociedade. No capítulo 17 de atos vemos isto de maneira bem clara quando identificamos três contextos sociais distintos, porém, todos eles precisando ouvir a palavra de Deus. 
        Encontramos Paulo com os filósofos gregos (academia) (Ali se debatia sobre, política, filosofia, valores, ética, etc); logo em seguida vemos o mesmo Paulo transitando para a praça (pessoas comuns, problemas reais, crises existenciais, cotidiano, etc) e depois o encontramos na sinagoga (Religião). (choque de cosmovisões, dominação, poder, etc.). Paulo soube chegar e sair de todos esses ambientes deixando a semente da palavra em cada ocasião. Que aprendamos com Paulo a sermos sábios e prudentes no contato com as diversas realidades que nos assolam. Amém.

Marco Carvalho


8 de junho de 2012

Em busca da solidariedade


        
         Estamos vivendo um colapso emocional na sociedade contemporânea. A falta de amor ao próximo e a si próprio tem caracterizado homens e mulheres na pós-modernidade. A busca por realização pessoal, a secularização do Estado, a alienação religiosa, o individualismo em detrimento do coletivo tem gerado pessoas insensíveis a dor alheia e indiferentes umas com as outras.
       O que espanta-me nisto tudo é quando a igreja de Cristo se apossa desta mesma lógica em seus discursos religiosos para obterem algum lucro ou coisa parecida. Digo isto, pois recentemente o pastor Silas Malafaia inventou um tal desafio aos seus críticos e blogueiros que em seus escritos tem questionado suas posições teológicas sobre a Teologia da prosperidade. E para tal desafio, Silas pregou no texto de 2 Co 9:8-10 para fundamentar sua tese sobre a prosperidade divina e mostrar aos seus opositores onde estaria o erro bíblico dele.
        Se realmente ele quisesse fazer um desafio sobre tal assunto, porque não abriu um espaço democrático em seu programa para aqueles que discordam de suas posições pudessem expor suas ideias sobre o referido tema? Entretanto, o que assistimos foi alguém reverberando uma interpretação distorcida do texto paulino sobre uma das passagens mais significativas da solidariedade humana. O que nos foi revelado em sua mensagem é o que há de pior na relação do homem com Deus, que é a barganha.
     Em seu discurso, Silas reproduz o lógica neoliberal e capitalista que permeia as relações desta sociedade. Para compreendermos o texto em sua amplitude, precisamos analisar o capítulo 8 de 2ª Coríntios que é o pano de fundo para entendermos o que o apóstolo Paulo quis ensinar aquela igreja que tinha como marca a individualidade, a soberba e o egoísmo (1ª Co 1:10-11). Foi lamentável ouvir alguém que tem por vocação e chamado ensinar todo o conselho de Deus ter prestado um desserviço a hermenêutica bíblica e principalmente ao bom senso.
       Desde o nosso início na vida cristã, ouvimos sobre a graça como um favor imerecido de Deus para com suas criaturas. É algo que recebemos não por nossos méritos ou capacidade em lidar com o sagrado. Por esta razão a graça é de graça, pois, senão for assim não é evangelho. Infelizmente, este conceito está cada vez mais escasso das mensagens bíblicas. Contudo, a graça em em meio ao sofrimento não é uma ideia agradável no pensamento cristão moderno.
       Em tempos onde a ganância e a busca pelo poder tem se manifestado cada vez mais no seio das igrejas, se faz necessário entendermos a contribuição efetuada pelos cristãos sirvam como uma expressão solidária e humanitária para aqueles que padecem fome, miséria e outras necessidade existenciais que foram supridas pela Graça de Deus na vida daqueles servos(as) do Senhor. Amém.
Marco Carvalho


1 de junho de 2012

O desafio nosso de cada dia


“Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me; Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma”? (Mateus 16:24-26)
            São com estes versículos que iremos caminhar nas palavras do nosso mestre que sempre tinha algo importante a nos dizer, mesmo quando sua fala era mais dura. Em tempos onde o individualismo tem sido a grande marca da contemporaneidade, Cristo diz algo que vai contra nosso ego quando nos desafia a abnegação como fator sublime aos que adentram ao Reino de Deus.
            É interessante notarmos que seguir a Cristo, é muito mais do que um simples levantar de mãos, ir à frente durante um apelo ou algo semelhante. É trilhar por um caminho sem volta e estar aberto para novas possibilidades de existir e de ter sua essência transformada pelo Espírito Santo de Deus.
            Em nosso andar diário homens e mulheres são chamados a renunciarem seu egoísmo em prol do Reino de Deus. Na lógica do Reino, aquele que perde sua vida por amor a Cristo, encontra-se e nunca mais se perde. Ainda que possamos trilhar por curvas sinuosas e cheias de perigos, temos a confiança de que Ele não nos deixa pelo caminho.
            A salvação é muito mais que meramente sairmos ilesos do fogo ardente do inferno como comumente se imagina. Este pensamento medievalista que amedronta ao invés de gerar em nós a shalom de Deus, não pode ser considerado evangelho. Vivemos dias difíceis nesta sociedade cada vez mais doente e violenta.
            Na reflexão do sociólogo Zygmunt Bauman lemos: “Vivemos tempos líquidos. Nada é para durar”. Daí podemos observar que o mundo vive constantes mudanças que tem levado diversas pessoas à solidão, ao estresse, síndrome do pânico e tantas outras mazelas que esta sociedade tem produzido com seu lixo biopsicosócioespiritual. Esta mesma sociedade que cria suas mazelas é a mesma que precisa mantê-la refém de si mesma para obter adeptos dos psicotrópicos que faturam bilhões com as doenças que ela cria.
            Porém, a proposta de Jesus nos evangelhos é a do despojamento do ser e do encontro com a vida. Entenda que esta vida não é algo subjetivo e alienante, mas um encontro com uma pessoa. João no seu evangelho compreendeu perfeitamente isto quando escreveu estas palavras de Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim”.
            Em um mundo cada dia mais complexo, somos levados a ressignificarmos nossa jornada de fé ao lado de Jesus e de seguirmos o caminho da renúncia, não como um fardo e jugo pesado, mas como aqueles que receberam à vida em nossos corações e mentes para demonstrarmos que vale a pena caminhar apesar das intempéries desta vida.
Marco Carvalho