23 de dezembro de 2013

VIVENDO PARA A GLÓRIA DE DEUS



 
REFLEXÃO PASTORAL
TEXTO BÍBLICO: EFÉSIOS 2:1-10


I – SABENDO QUEM SOMOS PELA PALAVRA DE DEUS (V.1-3)

Um dos grandes erros de muitas igrejas atualmente é de não compreender que o homem é pecador. Infelizmente, a mensagem da cruz tem sido diluída por eventos, programas, atividades, etc. Em vez de adaptar a fé cristã para satisfazer as pessoas do mundo, devemos proclamar a Bíblia como única regra de fé e prática, justiça, verdade, e o evangelho como a único meio de SALVAÇÃO. A verdade da bíblia é a única regra para a disciplina da igreja.

O pastor John MacArthur no livro Com vergonha do evangelho alerta sobre esta tendência contemporânea de oferecer uma “igreja amigável”, ou seja, que se amolda às expectativas, anseios e condições dos clientes. No afã de agradar seus ouvintes, a pregação expositiva tem sido deixada de lado. O que vale no culto são as atrações da noite e não a poderosa mensagem de Deus. Não precisamos de artifícios na palavra de Deus, mas, de homens e mulheres cheios do Espírito Santo para incendiarem este mundo.

            O apóstolo Paulo descreve nestes dois versículos a condição da raça humana antes de conhecerem a verdade que liberta. Antes de conhecermos o Senhor Jesus, eu e você éramos mortos, praticávamos delitos e pecados, seguíamos o curso deste mundo, obedecíamos ao diabo, fazíamos a vontade da carne e éramos filhos da ira. Ou seja, estávamos completamente perdidos. Essa é a condição da raça humana. Não há base bíblica para pensar que o ser humano é uma vítima de um Deus caprichoso e egoísta. Não!

Em Romanos 1:18,19 diz: revela que o ser humano detém a verdade de Deus e a transforma em injustiça. A palavra deter significa sufocar. Eu e você precisamos anunciar com todas as letras o que Paulo disse em Romanos 3:23 “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Ou seja, somos pecadores. Quer você goste disso ou não!

II – CRENDO NA GRAÇA DE DEUS (V. 5)

       Nos 3 primeiros versículos, Paulo apresenta o ser humano distante de Deus e sem esperança. A partir do verso 4 a situação muda radicalmente. A graça de Deus começa a ser apresentada para nós de maneira sublime e abençoadora. Ainda que fôssemos filhos da ira e desobedientes a Deus, o seu amor é rico em misericórdia a tal ponto de sermos ressuscitados com Cristo. Onde existia morte, agora há vida; onde existia medo, existe esperança. Fomos vivificados por Cristo e não por algo de bom em nós. Foi Ele que nos deu vida, nos salvou, nos escolheu, nos adotou e nos chamou. Isto é graça de Deus! Não há mérito humano em nossa salvação. Somos salvos por causa do amor de Deus por nós e não ao contrário.

À medida que a autoridade bíblica é abandonada na prática, as verdades se enfraqueceram na consciência dos crentes. As principais doutrinas da igreja perderam sua primazia, a igreja está sendo cada vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento.

     Por desconhecerem a graça de Deus, muitos deturparam este ensino bíblico nas igrejas. São cristãos que pensam que para servir a Deus precisam fazer sacrifícios absurdos. Subir ao monte de joelhos, pagar o dízimo para ser curado, vender seus bens para a igreja, etc. Fazemos barganhas com Deus através da oração. Ao invés de tratarmos da oração como uma caminhada de intimidade e comunhão com Deus, a transformamos numa moeda de troca. Tudo o que recebemos é pela graça de Deus e não por causa da unção que uns tem ou deixam de ter. Várias tentativas de definir a graça foram feitas, entretanto, a melhor definição que já li é: “graça não se explica; graça se transmite” (Philip Yancey). Nossa sociedade tem a mania de querer explicar tudo porque explicar já é um passo para controlar, contudo, não há como colocar rédeas na fabulosa graça de Deus. Só sabe o que é graça aqueles que já a experimentaram em sua vida cristã. Desfrutem da graça de Jesus no seu coração nesta noite.

III – RECEBENDO A FÉ SALVADORA EM JESUS (V. 8,9)

        Recebemos a graça de Deus através da fé. Entretanto, esta fé que Paulo escreve aqui é a fé salvadora. Esta fé é produzida por Deus no coração do homem e da mulher para que estes venham a crer no evangelho. Não é a fé que algo de bom vai acontecer. Não é um pensamento positivo. Não é a fé na fé. Não é essa fé popular que boa parte das pessoas no mundo tem. Se você perguntar para as pessoas se elas têm fé em Deus, 99% vão responder que sim. Esta fé que Paulo está dizendo não pode ser produzida, porque ela vem do próprio Deus. Sua natureza é divina e não humana.

     Infelizmente, muitas igrejas estão apresentando uma mensagem diferente das escrituras e isso tem gerado cristãos imaturos, infantis e levados por ventos de doutrina como crianças que precisam ser conduzidas. Existem muitas igrejas cheias de pessoas vazias. Os cultos são centrados no homem e não em Deus. Quanto tem tempo você não houve uma mensagem sobre arrependimento, volta de Jesus, Inferno, Santidade, pecado, etc. Temos sido negligentes e por isso nossas igrejas estão cheias de falsos crentes por que eles não são confrontados pela palavra de Deus a abandonarem seus pecados.

Não há nada que o homem possa fazer para ser salvo a não ser CRER e receber Cristo como Salvador. A justificação é somente pela graça, SOMENTE POR INTERMÉDIO DA FÉ, e somente por meio de Cristo. Não há base para nossa aceitação diante de Deus a não ser somente pela FÉ na obra salvadora de Cristo. Se Deus não nos abrir o coração para crer Nele, nada do que fizermos nos levará pra mais perto de Deus.

O falso crente é pior que não crente. O não crente não assume compromisso, não se batiza, não dá dízimo, ou seja, não foi alcançado pela graça de Deus. O falso crente, tem roupa de crente, fala igual crente, prega, canta, dança, evangeliza, se batiza, dá dízimo igual crente. Esses são os piores porque acreditamos que são convertidos mais não são e se não se arrependerem de brincarem com Jesus vão para o inferno. Apenas Jesus cristo é o caminho, a verdade e a vida. Precisamos anunciar esta mensagem todos os dias até a consumação dos séculos.

IV – RECONHECENDO QUE SOMENTE JESUS CRISTO É O SENHOR (V.6)

A boa notícia do evangelho é que não só Jesus Cristo ressuscitou; nele, nós também ressuscitamos. Ele foi o nosso substituto não só na morte, mas também na ressurreição. Em Efésios 1:3 diz que Deus “nos abençoou com toda bênção espiritual nos lugares celestiais em Cristo”. Convém enfatizar que as bênçãos são de caráter espiritual. Afirmo isto, porque  a palavra benção virou um grande negócio no cenário evangélico. Porém, o que está em voga no texto são as bênçãos espirituais porque elas são eternas e não passageiras como as bênçãos materiais. A maior benção que uma pessoa pode receber é ter seus pecados perdoados e receber a vida eterna em Cristo Jesus.

A história do povo de Deus ao longo da história tem nos ensinado que sempre que a igreja retira a autoridade das escrituras e o culto é voltado para o homem, à glória de Deus é pervertida ou adulterada por algo genérico. Os nossos interesses não podem substituir a glória de Deus. A perda da centralidade de Deus na vida da igreja de hoje é visível e lamentável. É essa perda que está permitindo transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-se bem e a fidelidade em ser bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia vêm significando cada vez menos para muitos de nós.

Eu e você somos chamados para glorificarmos somente a Deus. Precisamos nos focalizar em adorar e glorificar a Deus, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Todas as coisas tem um significado quando as fazemos por meio de Deus e para a sua glória. Comer, beber, trabalhar, estudar ou qualquer outra coisa torna-se um louvor para a glória do Pai, quando compreendermos que fomos criados em Cristo Jesus para as boas obras.

V- PRATICANDO O EVANGELHO DA GRAÇA (V.10)

O Evangelho de Jesus cristo está sendo desvirtuado pelo excesso de Confiança na capacidade humana. O evangelho da auto-estima, o evangelho da saúde e da prosperidade, estão transformando o verdadeiro evangelho num produto rentável e os pecadores em consumidores, tal qual fez a igreja católica no passado. Esse tipo de pregação ofusca a doutrina da justificação pela fé.

Quando praticamos as boas obras para as quais fomos formados, o nome de Deus é glorificado. Lutero dizia que devemos caminhar na estrada que nos liga do dia a dia ao santuário na mesma devoção. Precisamos resgatar o princípio bíblico que nos ensina que tudo o que fazemos, fazemos em nome de Cristo (Cl 3.17) e para a glória de Deus (1ª Co 10.31).
Deixa-me exemplificar isto: O agricultor no campo semeia, rega e colhe para a glória de Deus. O professor ensina para a glória de Deus. O médico cuida de seus pacientes para a glória de Deus. O comerciante vende seus produtos e atende os seus clientes para a glória de Deus. Não podemos fazer diferença entre o zelo que prestamos a Deus em nosso dia a dia (trabalho, escola, casa, em família, negócios, etc.) de quando nos reunimos para adorá-lo em comunidade aos domingos.

Deus é glorificado em nós quando expressamos a compaixão de Cristo pelas pessoas. Deus ama, socorre, consola e anima as pessoas por meio de nós. Somos o corpo de Cristo em ação na terra. Quando as pessoas tributam a Deus ações de graças pelo bem que lhe fazemos, isso traz glória ao nome de Deus. Jesus foi muito claro em seu ensino no sermão do monte, quando afirmou: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” (Mt 5.16). Lembre-se: fomos criados para o Seu louvor! Amém.


Pr. Marco Carvalho