30 de junho de 2011

QUANDO SE PERDE A CENTRALIDADE DA PALAVRA

       

Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus. Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si”. (Atos 20:24,28-30)
            
               Particularmente eu não sei o que estes pregadores e igrejas pensam quando lêem este texto bíblico e tantos outros que poderiam ser mencionados para nossa reflexão. Minha pergunta é: até onde devemos ir para ganharmos pessoas para Jesus? Será que não existe um limite? Será mesmo que em nome da modernização devemos quebrar o princípio regulador do culto prestado a Deus?
          Antes de me rotularem de legalista, fariseu, tradicional e tantas outras expressões que muitos proliferam e não sabem sequer seus significados, gosto de muito de rir e sou bem humorado. Porém, acho que tudo tem limite, pois existe uma diferença entre cultuar e entreter o povo. Acredito que precisamos definir qual é o papel da igreja na sociedade e resgatarmos o sentido original de ser igreja, que me parece estar se diluindo com tantos modismos gospel. Muitos irão citar o texto de (I Co 9:22) “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns”. Será que este texto está sendo interpretado corretamente? Leiam o contexto e vejam o que de fato o apóstolo está abrindo mão.
              Os vendilhões do templo continuam iludindo o povo através da cultura do entretenimento e do show business. Pregação que é bom mesmo.... nadinha. E ai daqueles que se levantam contra os “ungidos” do Senhor. São logo rotulados de falsos crentes, não espirituais, fracassados ministeriais, etc. De fato, na lógica do mercado gospel quem não anda de jatinhos viajando para os E.U.A e Europa, tirando férias na Disney, comprando roupas de luxo, só podem ser fracassados mesmos. Assumo, sou um fracassado e não me envergonho disto. O que me entristece são os novos crentes vendo toda essa panacéia e achando que isto é evangelho de Cristo. Um evangelho sem poder, sem unção, sem moral, sem ética e sem valores. Este tem sido o evangelho que infelizmente temos sido alimentados diariamente pelos mercadores da fé.
            O mais engraçado no vídeo é o desespero do apresentador do programa que a todo tempo queria apressar o comediante para ir embora. Vendo que o rapaz era o centro das atenções daquele circo, ele deve ter pensado, perdi minha boquinha. Afinal, quanto que este indivíduo não deve ganhar para ser apresentador no templo de faraó e sua trupe? Melhor deixar isso pra lá. Que Deus tenha misericórdia de nós.

Bel. Marco Antônio

29 de junho de 2011

Apascentando ovelhas ou entretendo bodes?

           
         Um mal está no declarado campo do Senhor, tão grosseiro em seu descaramento, que até o mais míope dificilmente deixaria de notá-lo durante os últimos anos. Ele se tem desenvolvido em um ritmo anormal, mesmo para o mal. Ele tem agido como fermento até que toda a massa levede. O demônio raramente fez algo tão engenhoso quanto sugerir à Igreja que parte de sua missão é prover entretenimento para as pessoas, com vistas a ganhá-las.
           Da pregação em alta voz, como faziam os Puritanos, a Igreja gradualmente baixou o tom de seu testemunho, e então tolerou e desculpou as frivolidades da época. Em seguida ela as tolerou dentro de suas fronteiras. Agora as adotou sob o argumento de atingir as massas.
            Meu primeiro argumento é que prover entretenimento para as pessoas não está dito em parte nenhuma das Escrituras como sendo uma função da Igreja. Se este é um trabalho Cristão, porque Cristo não falou dele? "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura." (Marcos 16:15). Isto está suficientemente claro. Assim teria sido se Ele tivesse adicionado "e proporcionem divertimento para aqueles que não tem prazer no evangelho." Nenhuma destas palavras, contudo, são encontradas. Não parecem ter-lhe ocorrido.
            Então novamente, "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores... para a obra do ministério" (Efésios 4:11-12). Onde entram os animadores? O Espírito Santo silencia no que diz respeito a eles. Foram os profetas perseguidos porque divertiram o povo ou porque o rejeitaram? Em concerto musical não há lista de mártires.
            Além disto, prover divertimento está em direto antagonismo com o ensino e a vida de Cristo e de todos os seus apóstolos. Qual foi a atitude da Igreja quanto ao mundo? "Vós sois o sal" (Mateus 5:13), não o doce açucarado - algo que o mundo irá cuspir e não engolir. Curta e severa foi a expressão: "deixa os mortos sepultar os seus mortos." (Mateus 8:22) Ele foi de uma tremenda seriedade.
            Se Cristo introduzisse mais brilho e elementos agradáveis em Sua missão, ele teria sido mais popular quando O abandonaram por causa da natureza inquiridora de Seus ensinos. Eu não O ouvi dizer: "Corra atrás destas pessoas, Pedro, e diga-lhes que nós teremos um estilo diferente de culto amanhã, um pouco mais curto e atraente, com pouca pregação. Nós teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que certamente se agradarão. Seja rápido Pedro, nós devemos ganhar estas pessoas de qualquer forma." Jesus se compadeceu dos pecadores, suspirou e chorou por eles, mas nunca procurou entretê-los.
            Em vão serão examinadas as Epístolas para se encontrar qualquer traço deste evangelho de entretenimento! A mensagem delas é: "Saia, afaste-se, mantenha-se afastado!" É patente a ausência de qualquer coisa que se aproxime de uma brincadeira. Eles tinham ilimitada confiança no evangelho e não empregavam outra arma.
            Após Pedro e João terem sido presos por pregar o evangelho, a Igreja teve uma reunião de oração, mas eles não oraram: "Senhor conceda aos teus servos que através de um uso inteligente e perspicaz de inocente recreação possamos mostrar a estas pessoas quão felizes nós somos." Se não cessaram de pregar a Cristo, não tiveram tempo para arranjar entretenimentos. Dispersos pela perseguição, foram por todos lugares pregando o evangelho. Eles colocaram o mundo de cabeça para baixo (Atos 17:6). Esta é a única diferença! Senhor, limpe a Igreja de toda podridão e refugo que o diabo lhe tem imposto, e traga-nos de volta aos métodos apostólicos.
            Finalmente, a missão de entretenimento falha em realizar os fins desejados. Ela produz destruição entre os novos convertidos. Permita que os negligentes e escarnecedores, que agradecem a Deus pela Igreja os terem encontrado no meio do caminho, falem e testifiquem. Permita que os oprimidos que encontraram paz através de um concerto musical não silenciem! Permita que o bêbado para quem o entretenimento dramático foi um elo no processo de conversão, se levante! Ninguém irá responder. A missão de entretenimento não produz convertidos. A necessidade imediata para o ministério dos dias de hoje é crer na sabedoria combinada à verdadeira espiritualidade, uma brotando da outra como os frutos da raiz. A necessidade é de doutrina bíblica, de tal forma entendida e sentida, que coloque os homens em fogo.


Tradução: Walter Andrade Campelo

A auto-ajuda e seus efeitos na pregação contemporânea




             A oratória sempre foi algo importante ao longo da história da humanidade. Através dela vimos grandes personagens históricos discursarem em vários momentos significativos da história. Muitos já foram persuadidos pela boa eloqüência de homens e mulheres com discursos inflamados e cheios de convicção. Isto é muito comum em comerciais de TV. Somos conduzidos a comprar determinado produto, mesmo que não seja necessário possuirmos. Os ouvidos ficam atentos e encantados com tamanha facilidade que os vendedores tem de nos convencer a adquirir tal produto.
            Observando algumas igrejas e pregações contemporâneas pela TV... o que encontro? São as mesmas técnicas de marketing e vendas em muitas pregações que são usadas pelos tele-evangelistas. O mais curioso é que tais pregadores são considerados ungidos de Deus e suas mensagens são vistas como revelações dos céus. Tais pregadores se parecem mais com ambulantes da fé que fazem de tudo para que os seus clientes comprem seus produtos com qualidade duvidosa. O mais conflitante nisto, é que sempre existem os incautos que invariavelmente caem em suas falsas promessas.
            O que temos vistos nas igrejas, sejam elas históricas, pentecostais, neo-pentecostais, etc, é uma falta de preparo tanto dos pregadores quanto das mensagens pregadas. Tem nos faltado sermões expositivos e genuinamente bíblicos e comprometidos com a verdade do Senhor. O apóstolo Paulo em 1 Co 3:1-9 nos mostra um quadro bem sugestivo daquela igreja que demonstrava uma falsa espiritualidade e que buscava mensagens e pregadores que lhes falassem o que queriam ouvir e não o que precisavam ouvir. Talvez por isso, que quando ouço algum pregador(a) expor as verdades da palavra geralmente o que se percebe nas congregações são coisas do tipo: A mensagem foi boa, mas faltou unção; ele prega bem, mas falta dinâmica( leia-se animador de auditório); o sermão é bom, mas faltou o fogo descer, subir, sei lá.
            A falta de mensagens expositivas tem gerado cristãos imaturos e que trocam de igreja quando o sermão não lhes agrada muito. Os sermões hoje são recheados de retóricas vazias e frases de efeito como: você é cabeça, declara vitória na sua vida, profetiza isso, aquilo e tome profetada. Não há espaço para reflexão das escrituras, e muito menos para nos quebrantarmos diante do Senhor sem aquela musiquinha chata ao final de cada sermão. As mensagens parecem ter sido tiradas dos livros campeões de venda das editoras de auto-ajuda e não das escrituras. São sempre em torno do homem e de suas potencialidades. O cerne de cada sermão é a promoção humana e sua capacidade de solucionar todos os males da vida com sua própria capacidade e inteligência. Afinal, dizem os pregadores você é mais que vencedor.
        Por isso, o apóstolo Paulo nos diz que “não pude falar como a espirituais... como a crianças em Cristo (1 Co 3:1). Neste tipos de sermões, somos conduzidos como crianças o tempo todo e nunca somos desafiados a crescer na fé cristã. Ficamos sempre no leite espiritual e não avançamos para o mais sólido, porque não temos estrutura para ouvirmos a repreensão, correção, exortação do Senhor, já que estamos tão acostumados a termos nossos egos massageados por mensagens de auto-ajuda e antropocêntrica.
           Que possamos resgatar a genuína pregação reformada em nossos dias e que o Espírito Santo de Deus continue a soprar em nossos corações a cada dia, para que consigamos proclamar as verdades das escrituras para aqueles(as) que estão cansados de se alimentarem deste fast-food do mundo gospel. Que Deus nos abençoe.

Bel. Marco Antônio

28 de junho de 2011

Ê Fogueira boa sô!


       Paulo Alexandre Iesca, de 36 anos, e Caroline de Souza Iesca, de 32, participam da Fogueira Santa desde 1996, e nunca ficaram de fora de nenhuma campanha. Eles estão casados há 12 anos, mas não tiveram uma vida fácil. Caroline chegou ao Cenáculo do Espírito Santo solteira, com problemas familiares e perturbações espirituais. “Eu sonhava em ser realizada na minha vida sentimental e, mesmo tendo boas qualificações profissionais, não conseguia um bom emprego”, conta.
     Paulo também não tinha uma bela história para contar. “A minha vida não valia a pena ser vivida. Desde cedo, aos 13 anos, aprendi a lutar pela sobrevivência. A minha família era desestruturada, meu pai tinha vícios e era minha mãe quem mantinha a casa. Nós éramos considerados a pior família do bairro. Éramos motivo de vergonha para os parentes”, lembra. O empresário resolveu conhecer o trabalho da Igreja Universal do Reino de Deus, ao assistir testemunhos na televisão. “Eu não tinha nada a oferecer quando cheguei à Igreja. Muitas vezes, eu tinha o dinheiro do ônibus ou para vir ou para voltar, então se eu ia de ônibus voltava a pé para casa e vice-versa”, explica.
      Em pouco tempo Paulo e Carol se conheceram. Porém a família dela estava numa situação financeira melhor do que a dele, e por isso, os pais dela não acreditavam que ele poderia sustentá-la. “Eles não aceitavam a nossa união, mas, nós estávamos na mesma fé, e nos casamos. Só que uma das exigências da família dela era que pelo menos tivéssemos uma casa própria. Então, com muita dificuldade, compramos financiado um imóvel de 30 metros quadrados. A situação era tão difícil que nós nem fizemos festa de casamento, nos despedimos de nossos amigos na Igreja. Mas, eu tinha certeza que Deus mudaria a nossa vida, pela fé”, relata Paulo.
    Na Fogueira Santa de junho de 2010, a família passou por um grande susto. Caroline desenvolveu no pescoço um cisto branquial, que não tinha chance de cura. “O meu médico disse que 90% das pessoas que fizeram a cirurgia saiam mortas do Centro Cirúrgico e as 10% restantes saiam paralisadas, sem nem conseguir falar. Só que eu não tinha a possibilidade de não fazer a operação, porque ao longo dos dias o cisto poderia descer para o pulmão e então eu faleceria da mesma forma”, lembra Carol.
        Como o casal já estava na fé da Fogueira Santa, resolveu pedir ao médico duas semanas de tempo para resolver a situação: “Esse foi o pior momento, porque o médico disse que eu não teria aquelas duas semanas. Nós continuamos na fé e resolvi fazer a cirurgia. Tive que assinar um termo de responsabilidade e o médico ainda me orientou a passar as minhas senhas e os meus bens para o Paulo, para garantir o futuro da nossa filha, que estava com apenas 2 meses de vida. Antes de entrar no Centro Cirúrgico, eu quis falar com o médico, então eu orei nas mãos dele e pedi que Deus o usasse e que eu saísse viva e sem nenhuma lesão. E o milagre aconteceu, estou curada e sem nenhuma sequela”, comemora Carol.
       Hoje o casal tem a casa própria de 700 metros quadrados, em 2 mil metros de terreno, toda reformada da maneira que eles sempre sonharam. Conquistaram dois carros, uma imobiliária com duas sedes e apartamento na praia. Além de saúde e abundância de vida.


Igrejas cheias de pessoas vazias


Estamos vivendo um grande avivamento no Brasil? Tenho minhas dúvidas quanto a isto. Quanto mais observamos as igrejas em nosso país, a sensação que tenho é que as nossas reuniões cristãs mais se parecem com rituais tribalistas do que com um culto prestado ao nosso Deus. O que os triunfalistas gospel chamam de avivamento, eu chamaria de algazarra transvertida de espiritualidade. Creio em avivamentos. Entretanto, em avivamentos que produzam quebrantamento espiritual, arrependimento de pecados, amor pela palavra de Deus e mudança de atitude na vida do cristão a tal ponto desta renovação espiritual ser transportada para a sociedade vigente.
           Infelizmente o que tem acontecido em nossos ajuntamentos são muitos barulhos através de louvores com letras pobres de poesia e harmonia e até heréticas em sua teologia. Tais canções não revelam a beleza do evangelho e muito menos glorificam a Deus. Já que estas músicas são antropocêntricas e não cristocêntricas, elas não têm compromisso com Deus e sim com o homem, então vemos e ouvimos um festival de bobagens nas “ministrações” através dos “levitas” do Senhor. Levitas? É um tal de receba daqui, receba de lá, diga isto e aquilo, que não sei mais aonde nós vamos parar.
       Fico pensando no apóstolo Paulo que ouviu do Senhor: “a minha graça te basta” no famoso episódio do espinho na carne. Vejo que tem faltado nos cristãos contemporâneos esta maturidade e humildade de saber calar-se diante de Deus mesmo que nossa oração não tenha sido respondida a contento. As igrejas estão doentes porque as pessoas estão doentes também. E não é por causa do evangelho de Jesus, e sim por causa daquilo que se tem feito com o evangelho. Tem-nos sido oferecido um evangelho genérico e de tarja preta em muitas igrejas por aí. E isto tem gerado cristãos imaturos, vazios de significados e de existencialidade. Se não sei para onde quero ir, qualquer lugar serve. Porém, a lógica do reino é outra e a proposta do homem de Nazaré é de encontros de paz, comunhão, graça e perdão.
          Os ilusionistas da fé se espalham aos borbotões nas igrejas e se proliferam rapidamente por onde eles passam. Eles são como vírus que contaminam todo o corpo e depois de nos tirarem toda imunidade eles nos matam. Os ufanistas se orgulham de dizer que o evangelho cresce em nosso país. Mas qual evangelho, eu lhes pergunto? A cada domingo vemos várias pessoas em busca de um “deus” que mais se parece com um analgésico. Ele só serve para aliviar as dores e estresses do dia de seus seguidores mais assim que termina o efeito do “remédio” tudo volta ao que era antes. Então, precisamos retornar na próxima semana para recebermos outra dose de remédios.
       Se não nos voltarmos para o autor e consumador de nossa fé que é Jesus, temo em afirmar que dias piores virão e que continuaremos com nossas igrejas cheias de pessoas vazias em seu sentido de viver. Pois só encontraremos vida se de fato entendermos que estamos mortos em nossos pecados e que somente Jesus pode nos oferecer uma vida plena e satisfatória. Amém.
Bel. Marco Antônio

27 de junho de 2011

MARCHANDO PELO QUE?



              Na última quinta-feira aconteceu em São Paulo a marcha para Jesus. Não sei se de fato devemos comemorar tal evento gospel que é promovido pelo casal Hernandes e sua trupe. A começar pela estrutura do tal evento, me questiono das verdadeiras intenções desta marcha que ocorre há 15 anos. Explico. Mesmo não tendo participado de nenhuma marcha, (in) felizmente a acompanho pelos meios de comunicação durante alguns anos. O que vejo nestas grandes aglomerações de pessoas, são “cristãos” declarando, amarrando, expulsando, determinando, sei lá o quê em nome de Jesus. Mas não o Jesus revelado das escrituras e apresentado a nós pelos apóstolos. É um Jesus fabricado pelos vendilhões do templo e que em nada nos lembra o homem de Nazaré. Manso e humilde de coração.
            Nunca se viu tamanho analfabetismo bíblico em nosso solo. Nossas igrejas estão cheias de pessoas vazias. A tal marcha só reforça o tal descaso dos envolvidos em apresentar o evangelho genuíno do Senhor Jesus. São mercadores da fé e mestres em iludir os corações alheios e cheios de esperança de que dias melhores virão. Fariseus hipócritas! Em tempos onde o ter vale mais do que o ser, quem tem mostra o seu poder. Porém, não o poder de Deus, mas o político. Ali vemos os grandes figurões da fé revestidos de uma santidade que chega a dar pena.
              Temos sido tratados como massa de manobra nestas marchas. Pelo que marchamos? Qual o objetivo destas marchas? Como bem disse o poeta Lulu Santos “assim caminha a humanidade com passos de formiga e sem vontade”. Infelizmente tem sido este o significado destas marchas para Jesus em nosso território. Sem vontade, relevância, ética, moral, valores, graça e perdão.
              O evangelho é muito mais do que estes mercadores tem apresentado para nós. É uma pena que o que tem ganhado destaque nas grandes mídias são estes “evangélicos” que em nada se parecem com o Mestre, e devido a isto, somos todos colocados dentro de uma mesma vasilha. Que Deus tenha misericórdia desta gente inescrupulosa. O evangelho do Reino é silencioso com os que o abraçam, mas barulhento com os fariseus; doce com os que o saboreiam, amargo com aqueles que o vendem; loucura para os que crêem, escândalo para os ilusionistas da fé. Não será através de marchas que iremos alcançar esta sociedade tão carente de vida e significado, mas sim pelo nosso testemunho de vida.
         Que possamos caminhar lado a lado com Jesus e anunciarmos a graça de Deus revelada em através de seu filho nos corações destes que tem marchado sem direção e a passos largos para a perdição. Que sejamos sal e luz neste mundo e que manejemos a palavra da verdade com equidade. Soli Del Glória!

Marco Antônio

Em torno da causa gay

                  Toda a campanha em favor da causa gay, e que orienta a aprovação do projeto de lei 122, em tramitação no Senado, parte de uma mesma premissa: haveria, no Brasil, um surto de homofobia – isto é, hostilidade e ameaça física aos gays. A premissa não se sustenta estatisticamente. Os números, comparativamente aos casos gerais de homicídios anuais no país – cerca de 50 mil! -, são irrelevantes. Segundo o Grupo Gay da Bahia, de 1980 a 2009, foram documentados 3.196 homicídios de homossexuais no Brasil, média de 110 por ano. Mais: não se sabe se essas pessoas foram mortas por essa razão específica ou se o crime se deu entre elas próprias, por razões passionais, ou pelas razões gerais que vitimam os outros 49 mil e tantos infelizes, vítimas do surto de insegurança que abala há décadas o país. Se a lógica for a dos números, então o que há é o contrário: um surto de heterofobia, já que a quase totalidade dos assassinatos se dá contra pessoas de conduta hetero.
            O que se constata é que há duas coisas distintas em pauta, que se confundem propositalmente e geram toda a confusão que envolve o tema. Uma coisa é o movimento gay, que busca criar espaço político, com suas ONGs e verbas públicas, ocupando áreas de influência, com o objetivo de obter estatuto próprio, como se opção de conduta sexual representasse uma categoria social. Outra é o homossexualismo propriamente dito, que não acrescenta nem retira direitos de cidadania de ninguém. Se alguém é agredido ou ameaçado, já há legislação específica para tratar do assunto, independentemente dos motivos alegados pelo agressor. Não seria, pois, necessário criar legislação própria. Comparar essa questão com o racismo, como tem sido feito, é absolutamente impróprio. Não se escolhe a raça que se tem e ver-se privado de algum direito por essa razão, ou previamente classificado numa categoria humana inferior, é uma barbárie.
            Não é o que se dá com o homossexualismo. As condutas sexuais podem, sim, ser objeto de avaliação de ordem moral e existencial, tarefa inerente, por exemplo (mas não apenas), às religiões. Elas – e segue-as quem quer – avaliam, desde que existem, não apenas condutas sexuais (aí incluída inclusive a dos heterossexuais), mas diversas outras, que envolvem questões como usura, intemperança, promiscuidade, infidelidade, honestidade etc. E não é um direito apenas delas continuar sua pregação em torno do comportamento moral humano, mas de todos os que, mesmo agnósticos, se ocupam do tema, que é também filosófico, político e existencial. Assim como o indivíduo, dentro de seu livre arbítrio, tem a liberdade de opções de conduta íntima, há também o direito de que essa prática seja avaliada à luz de outros valores, sem que importe em crime ou discriminação. A filosofia faz isso há milênios. Crime seria incitar a violência contra aqueles que são objeto dessa crítica. E isso inexiste como fenômeno social no Brasil. Ninguém discute o direito legal de o homossexual exercer sua opção. E a lei lhe garante esse direito, que é exercido amplamente.
            O que não é possível é querer dar-lhe dimensão que não tem: de portador de direitos diferenciados, delírio que chega ao extremo de se cogitar da criação de cotas nas empresas, universidades e partidos políticos a quem fez tal opção de vida. Mesmo a nomenclatura que se pretende estabelecer é falsa. A união de dois homossexuais não cria uma família, entendida esta como uma unidade social estabelecida para gerar descendência e permitir a continuidade da vida humana no planeta. Casamento é instituição concebida para organizar socialmente, mediante estatuto próprio, com compromissos recíprocos, a geração e criação de filhos. Como aplicá-lo a outro tipo de união que não possibilita o que está na essência do matrimônio? Que se busque então outro nome, não apenas para evitar confusões conceituais, mas até para que se permita estabelecer uma legislação que garanta direitos e estabeleça deveres específicos às partes.
            Há dias, num artigo na Folha de S. Paulo, um líder de uma das muitas ONGs gays do país chegou a afirmar que a heterossexualidade não resultaria da natureza, mas de mero (e, pelo que entendi, nefasto) condicionamento cultural, que começaria já com a criança no ventre materno. Esqueceu-se de observar que, para que haja uma criança no ventre materno, foi necessária uma relação heterossexual, sem a qual nem ele mesmo, que escrevia o artigo, existiria. Portanto, a defesa de um direito que não está sendo contestado – a opção pelo homossexualismo – chegou ao paroxismo de questionar a normalidade (e o próprio mérito moral) da relação heterossexual, origem única e insubstituível da vida. Não há dúvida de que está em cena um capítulo psicótico da história.
 Ruy Fabiano é jornalista

Juiz de Goiás anula união estável homoafetiva em Goiânia

No último dia 18, Jeronymo Villas Boas, juiz de Goiás, mandou anular a união estável de um casal gay. Em entrevista exclusiva ao Fantástico, o juiz falou sobre sua decisão e negou ser homofóbico. A assinatura histórica, que se dependesse do casal homossexual que se casou em Goiás duraria para sempre,  valeu por pouco mais de um mês. “[O juiz] comparou o nosso ato para o cartório como um ato criminoso, de um roqueiro que tira a roupa durante um show no palco”, diz o jornalista Léo Mendes. Odílio e Léo foram ao Rio de Janeiro fazer outra escritura de união estável. “Sim! E não há juiz nesse país que irá nos separar”, disse Léo, na cerimônia.
            A cerimônia se transformou em um protesto coletivo: 43 casais homossexuais firmaram compromisso em cartório, inclusive, Odílio e Léo. Mas eles nem precisavam ter viajado. A corregedora de Justiça de Goiás Beatriz Figueiredo Franco anulou a sentença do juiz e deu validade ao primeiro documento assinado pelo casal. “Eu achei por bem tornar sem efeito a decisão, dado o alcance administrativo que esta significava”, diz a corregedora.
            O Fantástico foi a Goiás encontrar o juiz Jeronymo Villas Boas que contrariou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de aceitar a união estável de pessoas de mesmo sexo. A equipe de reportagem chegou no momento em que ele recebia a notificação da corregedoria, revendo a sentença. Perguntado se não teria medo de uma punição, ele responde: “Medo não faz parte do meu vocabulário”. Mineiro de Uberaba, 45 anos, casado, pai de dois filhos e vice-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros. Jeronymo Villas Boas é juiz há 20 anos e diz que se baseou na lei para tomar sua decisão. “O que neste ato pretenderam os dois declarantes é obter a proteção do estado como entidade familiar. Os efeitos jurídicos que se extrairia disso são efeitos jurídicos de proteção da família. Eles não são uma família”, afirma.
            Ele argumenta que se ateve ao conceito de família definido pela Constituição brasileira. “Declara no artigo 16 que constitui família o núcleo formado entre homem e mulher. E dá a esse núcleo uma proteção especial como célula básica da sociedade. Família é aquele núcleo capaz de gerar prole”. Para o juiz, a união estável de pessoas de mesmo sexo contraria esse conceito constitucional. Na opinião dele, casais gays não teriam como constituir nem família nem estado. “Se você fizer um experimento, levando para uma ilha do Pacífico dez homossexuais e ali eles fundarem um estado, sob a bandeira gay, e tentarem se perpetuar como estado, eu acredito que esse estado não subsistiria por mais de uma geração”, argumenta.
            A posição do juiz vai contra a interpretação do Supremo Tribunal Federal sobre o que é uma família. “O ministro-relator Ayres Britto disse que a Constituição apenas silencia e, portanto, não proíbe a união homoafetiva. Em linguagem poética, o relatório dele, aprovado por unanimidade, diz que família é um núcleo doméstico baseado no afeto e que os “insondáveis domínios do afeto soltam por inteiro as amarras desse navio chamado coração”.
Religião
           
Desde o ano passado, o juiz Jeronymo Villas Boas é também pastor da Igreja Assembleia de Deus, que frequenta toda semana. Para os que o acusam de fundamentalismo religioso, Jeronymo Villas Boas diz que já tomou decisões contra a sua própria igreja, negando pedidos de isenção de impostos. E afirma ter outras inspirações. “As pessoas, talvez, possam querer me criticar porque eu tenho uma forte influência marxista”, diz o juiz.
            De Marx, o fundador do comunismo, a Martin Luther King, de quem tem um imenso painel. “O Martin Luther King foi um defensor da igualdade racial, mas também foi um defensor da família”, destaca. Em uma biblioteca contígua ao gabinete dele, Jeronymo mostra à equipe de Vinicius de Moraes, ao famoso ensaio do psicanalista Roberto Freire sobre o desejo, e até uma bíblia em hebraico.
            Diz que lê de tudo, sem preconceito. Mas não nega a influência de seus princípios religiosos. “A Constituição brasileira foi escrita sob a proteção de Deus. Querer que um juiz, que professa a fé evangélica, não decida questões que envolva conflitos, muitas vezes, de natureza política, social ou religiosa é negar a independência do juiz”, pondera. E afirma que vai tomar a mesma decisão sempre que houver casos semelhantes. “Já solicitei de todos os cartórios que me remetam os atos que foram praticados a partir de maio deste ano para análise”, avisa.
            O repórter pergunta se ele sabe que irá enfrentar uma briga, e Jeronymo responde: “Não há problema. Se o juiz tiver medo de decidir, tem que deixar a magistratura. Juiz medroso ou covarde não tem condição de vestir a toga”. Já quando perguntado sobre o que fará se for enquadrado pelos superiores, argumenta: “Eu tenho direito de defesa. Se me punirem sem o direito de defesa, nós entramos no regime de exceção”, afirma.
            O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, se diz perplexo com a atitude de Villas Boas. Para o ministro, nenhum juiz está acima das orientações do Supremo. “No meu modo de ver, a reiteração dessa prática por esse magistrado vai revelar a postura ostensiva de afronta à Suprema corte. Isso efetivamente vai desaguar em um processo disciplinar junto ao Conselho Nacional de Justiça”, alerta Fux.

 http://glo.bo/kAFkYk

22 de junho de 2011

Perdão e Ternura: processo de continuidade

Uma das grandes necessidades do ser humano é sentir-se acolhido e abraçado por alguém quando este comete algum erro. Por vezes, me pego imaginando que estes sentimentos tem se perdido em meio a tantos egoísmos que temos vivido. Dar e receber perdão, desviar-se e ser acolhido ao regressar, pedir ajuda sem se humilhar, não, não isso é utopia de quem acredita nestas bobagens de um mundo melhor. Que continuemos então como aqueles que ainda depositam sua esperança num sorriso singelo de uma criança que mesmo a chorar diante das vicissitudes da vida, conseguem através do olhar revelar a ternura existente no coração humano. Como é importante ter alguém com quem possamos chorar nossas próprias misérias e desventuras num mundo tão marcado por valores do eu primeiro. Saber que errou e ter a chance de recomeçar. Não ter que disfarçar nossas feridas sem correr o risco de sermos cerceados sob olhares acusatórios e sem misericórdia. Precisamos resgatar a beleza da ternura e do perdão como estilo de vida proposto por aquele que nos ensinou a doar-se o tempo inteiro. 
           Precisamos encontrar amigos nas horas de tempestades para que não fiquemos isolados como em uma ilha sem ter com que contar e compartilhar nossas dores e sofrimentos existenciais. Que sejamos brisas que toquem no outro e produzam paz e frescor em rostos tão marcados pelos infortúnios da vida. Perdoar não é esquecer, mas lembrar-se do passado sem dor. Muitos de nós não perdoamos por pensarmos que iremos aliviar a bagagem de quem foi ferido, mas na verdade o perdão não é um favor que fazemos ao outro, mas a nós mesmos.

             Na dinâmica de uma espiritualidade reconciliadora, perdão e ternura devem estar lado a lado numa busca central de entrega ao próximo. Assim como Cristo foi devemos ser também.  Acredito que a ternura tem cor e a sua ausência tem nos tornado sem vida e vazios na interioridade humana. A ternura é sem dúvida um lindo sentimento, repleto de flores coloridas e cada uma com suas cores, fazem deste lindo sentimento, um grande jardim de múltiplas pétalas de flores coloridas, cada qual com sua qualidade. E neste imenso jardim de nossas existências somos chamados para amarmos uns aos outros, como Cristo nos ensinou a amar. Quem sabe estejamos precisando somente de um toque que inunde nossa alma e desnude nosso ser para dar-nos um sentido de viver. Se você se sente assim não tenha medo, pois o Homem das dores nos oferece abrigo em nossas viagens tortuosas que enfrentamos e senta-se conosco para partilhar do pão que alimenta nossa alma e depois de cear Ele nos convida a celebrarmos o perdão e a ternura entre homens e mulheres que carecem de sua infinita graça.  
Marco Carvalho