3 de agosto de 2011

Os "levitas" e suas canções de mercado

       Não é de hoje que temos visto a desenvolvimento da música cristã no cenário nacional. Se analisarmos o atual momento, podemos identificar que houve alguns avanços na música evangélica brasileira. A sociedade mudou e a mentalidade de alguns cristãos em relação à música também. Hoje já vemos vários estilos sendo tocados na liturgia de muitas igrejas. Algo que era impensável anos atrás. Esta evolução fez até certo ponto muito bem para as igrejas em nosso território, salvo algumas exceções.
         Apesar destes avanços na música evangélica, algo parece ter saído do rumo central nesta caminhada. Pois, o que temos observado atualmente nas canções evangélicas, é um despreparo total no conteúdo das canções. São músicas rasas e muitas vezes de gosto duvidoso e sem nenhuma preocupação teológica com o que se canta. Afinal, Deus olha para o meu coração. É o que dizem por aí.
         Sou de um tempo onde ouvíamos músicas cristãs que enalteciam a grandeza do Senhor e não o ego do cantor. Estamos vivendo tempos onde cantores se tornaram astros e quem menos brilha é Jesus. Infelizmente, a adoração nas igrejas tem se tornado um grande entretenimento religioso onde se falam as maiores baboseiras nas “ministrações” dos “levitas” do Senhor. Os cultos se restringiram apenas ao “momento de louvor” em muitas igrejas. O que se vê é que depois de “ministrarem”, os músicos saem e geralmente não assistem pregação. Talvez seja por isso que suas letras sejam tão sofríveis e com pouca ou nenhuma qualidade melódica.
         Não muito tempo atrás, éramos conduzidos por canções de grupos como: vencedores por Cristo, João Alexandre, Grupo Logus, Adhemar de Campos, Nelson Bomilcar, entre outros. Suas canções marcaram gerações e continuam a marcar quando são tocadas nas igrejas. Naquele tempo não havia toda a parafernália que existe hoje para adorar ao Senhor, e ainda assim essas letras nos levam a presença doce e afável do Cristo vivo, que na sua simplicidade nos ensinou o verdadeiro sentido da adoração.
         Eram músicas que exaltavam a Deus e que tinham além de boa musicalidade, o que acho essencial para uma boa música cristã: conteúdo teológico, graça e espiritualidade. Algo que tem faltado na maioria das canções de hoje. Porque estas são feitas para vender e entreter o povo com suas inovações nem tão novas assim. Vejamos um texto bíblico que ilustra bem isso: “E levaram a arca de Deus, da casa de Abinadabe, sobre um carro novo; e Uzá e Aiô guiavam o carro”. 1ª Cr 13:7). Este relato bíblico trata da tentativa de Davi levar a Arca da Aliança de Quiriate-Jearim que se encontrava em Judá, para Jerusalém. O rei Davi, tinha até uma boa intenção em fazer tal coisa. Porém o que devemos perguntar é: será que tal atitude era correta ainda que Davi tivesse uma boa intenção?
         Vejamos o contexto do ocorrido. Davi tinha acabado de ser conclamado Rei. Aí ele teve a brilhante idéia de trazer a Arca para o povo. A arca da aliança simboliza a presença de Deus no meio do seu povo. Davi começou certo mas o caminho que escolheu para isso foi errado. A Arca da aliança não poderia ser conduzida de qualquer forma, pois o próprio Deus havia deixado as instruções sobre como ela deveria ser levada. Davi fez o que muitos fazem por aí. Tentou inovar. Ele enfeitou um carro de boi novo, colocou vários utensílios e jogou a Arca em cima dele. E não dado por satisfeito pôs dois sacerdotes enfeitados também. Aconteceu que o carro de boi tropeçou em uma pedra no caminho, e Uzá, o sacerdote, colocou a mão na arca para que ela não quebrasse no chão.
            A história todo mundo conhece. O sacerdote morreu fulminado imediatamente. O que podemos aprender aqui é que: 1º quando perdemos a centralidade da palavra de Deus, ficamos a mercê do modismo do momento; 2º Quando tomamos a função do outro, o que fazemos ainda que seja bem intencionado pode não agradar a Deus. (a arca só podia ser conduzida pelos levitas e não pelos sacerdotes) e 3º quando perdemos a noção do que Deus é, profanamos o que é sagrado. Em nome da “inovação” todos ficaram sem discernimento do certo e do errado.
         O que podemos extrair deste relato bíblico é que não precisamos de inovação, mas sim de maturação para compreendermos o sentido real da adoração ao Senhor. Há muito barulho e pouco louvor; muitos ritmos, mas pouca musicalidade; muita unção, mas pouca espiritualidade; muitas letras, pouco conteúdo; muita superficialidade e pouca profundidade; muita estética e pouca ética. Que a paz esteja convosco e que Deus tenha misericórdia.

Marco Carvalho

6 comentários:

  1. Infelizmente hoje, as músicas que se cantam, não são para glorificar a Deus e sim para levantar o"astral"do povo, para atender as suas necessidades específicas. E com isso perdemos o foco do que verdadeiramente seja adoração ao Senhor Jesus Cristo.

    Parabéns Marco pela sua ousadia de produção desse texto, que serve para nos levar a uma reflexão do que é adoração ao Senhor e qual o significado dela na vida diária da Noiva de Cristo.
    Juliana Queiroz.

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  2. É verdade Juliana. Precisamos buscar altenativas para sairmos dessa mesmice na adoração.

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  3. Nem precisa comentar né???!!!
    Abraços, Deus continue abençoando vc.

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  4. Que isso Jair. rsrs. É só um grito em meio a multidão.

    Um abraço!

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  5. É Marcão. As músicas que o povo quer são aquelas que tras prosperidade e que visa benção sobre benção em suas vidas (para direita, para esquerda e por todos os lados...). Deus quer ser exaltado!
    Everton Belém

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  6. Olha, na verdade vejo pouquíssimas diferenças entre a produção musical chamada gospel e a música secular. Na verdade que trabalha com as mesma buscam os mesmos objetivos:dinheiro e fama.

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