29 de junho de 2011

A auto-ajuda e seus efeitos na pregação contemporânea




             A oratória sempre foi algo importante ao longo da história da humanidade. Através dela vimos grandes personagens históricos discursarem em vários momentos significativos da história. Muitos já foram persuadidos pela boa eloqüência de homens e mulheres com discursos inflamados e cheios de convicção. Isto é muito comum em comerciais de TV. Somos conduzidos a comprar determinado produto, mesmo que não seja necessário possuirmos. Os ouvidos ficam atentos e encantados com tamanha facilidade que os vendedores tem de nos convencer a adquirir tal produto.
            Observando algumas igrejas e pregações contemporâneas pela TV... o que encontro? São as mesmas técnicas de marketing e vendas em muitas pregações que são usadas pelos tele-evangelistas. O mais curioso é que tais pregadores são considerados ungidos de Deus e suas mensagens são vistas como revelações dos céus. Tais pregadores se parecem mais com ambulantes da fé que fazem de tudo para que os seus clientes comprem seus produtos com qualidade duvidosa. O mais conflitante nisto, é que sempre existem os incautos que invariavelmente caem em suas falsas promessas.
            O que temos vistos nas igrejas, sejam elas históricas, pentecostais, neo-pentecostais, etc, é uma falta de preparo tanto dos pregadores quanto das mensagens pregadas. Tem nos faltado sermões expositivos e genuinamente bíblicos e comprometidos com a verdade do Senhor. O apóstolo Paulo em 1 Co 3:1-9 nos mostra um quadro bem sugestivo daquela igreja que demonstrava uma falsa espiritualidade e que buscava mensagens e pregadores que lhes falassem o que queriam ouvir e não o que precisavam ouvir. Talvez por isso, que quando ouço algum pregador(a) expor as verdades da palavra geralmente o que se percebe nas congregações são coisas do tipo: A mensagem foi boa, mas faltou unção; ele prega bem, mas falta dinâmica( leia-se animador de auditório); o sermão é bom, mas faltou o fogo descer, subir, sei lá.
            A falta de mensagens expositivas tem gerado cristãos imaturos e que trocam de igreja quando o sermão não lhes agrada muito. Os sermões hoje são recheados de retóricas vazias e frases de efeito como: você é cabeça, declara vitória na sua vida, profetiza isso, aquilo e tome profetada. Não há espaço para reflexão das escrituras, e muito menos para nos quebrantarmos diante do Senhor sem aquela musiquinha chata ao final de cada sermão. As mensagens parecem ter sido tiradas dos livros campeões de venda das editoras de auto-ajuda e não das escrituras. São sempre em torno do homem e de suas potencialidades. O cerne de cada sermão é a promoção humana e sua capacidade de solucionar todos os males da vida com sua própria capacidade e inteligência. Afinal, dizem os pregadores você é mais que vencedor.
        Por isso, o apóstolo Paulo nos diz que “não pude falar como a espirituais... como a crianças em Cristo (1 Co 3:1). Neste tipos de sermões, somos conduzidos como crianças o tempo todo e nunca somos desafiados a crescer na fé cristã. Ficamos sempre no leite espiritual e não avançamos para o mais sólido, porque não temos estrutura para ouvirmos a repreensão, correção, exortação do Senhor, já que estamos tão acostumados a termos nossos egos massageados por mensagens de auto-ajuda e antropocêntrica.
           Que possamos resgatar a genuína pregação reformada em nossos dias e que o Espírito Santo de Deus continue a soprar em nossos corações a cada dia, para que consigamos proclamar as verdades das escrituras para aqueles(as) que estão cansados de se alimentarem deste fast-food do mundo gospel. Que Deus nos abençoe.

Bel. Marco Antônio

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