Acho que esta canção do Ultraje a rigor elucida bem o que foi o jogo. Juro que
tentei não comentar a derrota vexatória da seleção brasileira na terça-feira.
Entretanto, não pude me conter de procurar buscar algumas respostas para o
resultado, desta que foi a pior derrota do Brasil em copas do mundo. Acredito
que todos que estavam assistindo a partida ficaram chocados com a atuação pífia
da seleção.
Após a
humilhante derrota, procurei assistir como de costume as entrevistas coletivas
do Felipão e Parreira, e as observações de diversos comentaristas esportivos
nos mais variados canais de TV. Fiquei impressionado com a forma que foi
tratado o resultado por aqueles que comandaram nossa seleção nesta copa. Vi uma
arrogância sem limites e uma postura de que o ocorrido foi "apenas"
um acidente.
De acordo com
eles o trabalho foi bem feito e a seleção estava perfeita até o jogo contra a
Alemanha. Porém, qualquer torcedor que tenha um pouco de bom senso irá
concordar que em nenhum momento o Brasil empolgou ou realizou uma partida digna
de pentacampeã. Talvez, com exceção do 1º tempo contra a Colômbia nas quartas
de final.
Depois do jogo
contra a seleção alemã, fiquei refletindo sobre a relação desta partida com o
Brasil e os seus desdobramentos políticos. Vamos aos fatos:
1. O que se viu desde o início da copa, foi uma
seleção extremamente nervosa e emocionalmente sem equilíbrio. Percebi muito
mais coração do que razão. Infelizmente, acontece assim também na política
brasileira e com muitos eleitores. O coração na hora de realizar suas escolhas
fala mais alto em detrimento da razão. Bons projetos são substituídos por mimos
que encantam os corações que aprisionam a mente em gaiolas que as impedem de
agir racionalmente.
2. A seleção alemã repensou seu futebol desde a
derrota para o Brasil em 2002. Ficou evidente que o futebol alemão cresceu e
evoluiu muito nos últimos 10 anos. A sua liga de futebol é uma das mais
organizadas e fortes do futebol europeu. Enquanto isso, os nossos campeonatos
são cada vez mais vazios e desorganizados. O futebol brasileiro na última
década só vem decaindo e se tornando improdutivo. A prova disto foi visível
nesta copa. Seleções com pouca ou nenhuma expressão no cenário mundial nos
deram um banho tático de organização. Vide: o Chile, a Costa Rica, a Colômbia,
o Estados Unidos, etc... Todas essas seleções cresceram em seu futebol. Assim é
na política brasileira. Não existe planejamento e continuidade de trabalho de
um governo para o outro. Tudo é feito no improviso.
3. Enquanto na seleção alemã vimos um futebol
coletivo. Na seleção brasileira depositávamos nossa esperança num único jogador
para resolver tudo. Assim, também é na política de nosso país. Muitos depositam
a resolução dos problemas numa figura quase que messiânica que sempre surge em
época eleitoral.
4. A falta de foco na nossa seleção ficou
evidente. Todos tinham acesso a concentração Brasileira. Na concentração alemã
apenas uma folga foi dada. Eles estudaram seus adversários procurando encontrar
seus pontos fracos e fortes. A impressão que tive é que nossa seleção não
conhecia bem o seu adversário. Visto a escalação feita por nosso técnico. Na
política não é muito diferente. Os eleitores não conhecem seus candidatos e se
deixam levar por um conhecimento superficial do mesmo. Os resultados são sempre
desastrosos.
5. Enquanto o futebol mundial e os
técnicos estudam sobre tática, planejamento, organização e aprimoram suas
seleções, os nossos técnicos continuam com uma mentalidade antiga e amadora. Na
política não tem sido diferente. Existe um amadorismo gritante por muitos políticos
na condução de nosso país. Palavras como: planejamento, organização, seriedade,
responsabilidade são inexistentes por muitos deles.
Que
esta derrota no futebol não nos faça perder o foco e que saibamos discernir os
discursos políticos em ano eleitoral. Oremos por nosso país para que vivamos um
período de mudanças em nossa mentalidade do improviso e do famoso jeitinho
brasileiro.
Pr. Marco Antônio Carvalho
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