O caminho para maturidade espiritual

             A carta aos Hebreus é que trata da pessoa de Cristo de forma grandiosa. Podemos afirmar categoricamente que a Cristologia é o assunto em questão. Esta carta descreve com muita propriedade a obra, a missão e a supremacia de Cristo sobre todas as coisas.

            Não sabemos quem foi o autor desta carta. Embora a tradição cristã considere o apóstolo Paulo como o escritor desta carta, não há evidências concretas para tal afirmação. Podemos dizer que esta carta teve três propósitos fundamentais, a saber: convencer os seus leitores sobre a supremacia de Jesus Cristo sobre todo o sistema religioso do Antigo Testamento, como agente da perfeita revelação de Deus, superior aos anjos, a Moisés e à Lei, aos sacerdotes e a todo o sistema religioso, com seus sacrifícios e cerimônias; advertir-nos a permanecermos firmes na fé, nos fazendo desistir de retornar ao sistema religioso antigo; terceira e última coisa, ajudar com seu ensino para que crentes judeus firmados em Jesus, adotassem as normas de comportamento ético compatíveis com a fé cristã.

            Podemos observar que neste capítulo, o autor entende que pelo tempo de caminhada de vida cristã, esses cristãos já deveriam ter-se tornado adultos na fé, porém o que vemos é justamente o oposto disto. Eles já deveriam ter compreendido que o judaísmo já havia sido consumado na pessoa de Jesus e que Ele tem a primazia sobre tudo.

            Contudo, o que vemos hoje em muitas igrejas ditas evangélicas são na verdade um retorno ao antigo sistema religioso judaico. Diversos rituais e sacrifícios são feitos nessas igrejas com o intuito de escravizar e gerar medo em mentes e corações de incautos e inexperientes na fé. É um retorno moderno à idade média onde o pavor e a punição pelos pecados são estimulados por esses mercadores da fé que inutilizam o sacrifício perfeito de Jesus na cruz do calvário por nós.

            O autor da carta os exorta a crescerem, pois eles eram “tardios em ouvir” (Hb 5:11). Esta expressão significa que eles eram preguiçosos, indispostos em relação a esforçarem-se em alcançar o conhecimento. Quantos cristãos são negligentes em sua vida espiritual? Não oram, não leêm as escrituras, não cultivam uma vida de santidade e piedade. Se não tivermos uma compreensão adequada de quem é Jesus seremos levados por todo vento de doutrina de homens gananciosos cujo seu deus é o dinheiro.

            Outra exortação que o autor faz é que devemos prosseguir em crescer na fé cristã. No texto temos a impressão de que aqueles cristãos estavam vivendo uma religiosidade rotineira e sem a chama do Espírito Santo em seus corações. (Hb 5:12-14). Muitos jovens e adolescentes se afastam dos caminhos do Senhor por não terem sido instruídos na fé, se desviam e ingressam nas universidades cheias de dúvidas em relação a sua fé, principalmente quando são confrontados com falsos fundamentos filosóficos que são muito bem estruturados e que nos fazem desistir de Jesus e de sua palavra.

            Por isso, devemos deixar os ensinos básicos da fé e nos aprofundarmos em conhecermos mais da palavra de Deus conforme diz o autor em (Hb 6:1). É interessante percebermos que o autor não diz que devemos deixar de crer nos rudimentos, entretanto, somos convidados a não permanecermos parados. É necessário irmos além daquilo que estamos acostumados a ouvir, pois, somente assim iremos alcançar a maturidade na vida cristã.

            Charles Swindoll escreve em seu livro chamado perseverança algo muito elucidativo sobre este assunto. “O que é um sinal de maturidade? Praticar o que se ouve. Mediante a prática você amadurece. Uma coisa é envelhecer no Senhor, mas outra bem diferente é crescer no Senhor. Há muitos que vão de igreja em igreja, de uma confe­rência bíblica para outra, enchendo caderno após caderno de notas, mas que continuam sendo as pessoas mais mal-humoradas, difíceis e irresponsáveis que você conhece. Por quê? Porque não praticam aquilo que ouvem”.(pág. 8).

            A maturidade espiritual acontece no caminho e não em um passo de mágica. Não são necessários intermediadores entre Deus e os homens como acontecia na antiga aliança. Atualmente vemos ilusionistas da fé que tentam ocupar o lugar de Jesus na vida das pessoas. Estes são os que se alimentam do desespero e da dor de milhares de homens e mulheres que na busca da felicidade ainda que momentânea, ficam aguardando de boca aberta as migalhas destes inescrupulosos.

            Tenha certeza de que Deus deseja que todo o crente atinja a maturidade espiritual. Sua Palavra nos instrui: "Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo..." (II Pedro 3:18). O teólogo MacArthur diz que “A cada dia, podemos progredir em nossa vida espiritual, prosseguindo num conhecimento mais pleno, mais alto, mais pessoal e experimental de Deus e de Cristo”. Que possamos buscar em conhecer mais o nosso Deus.

Marco Carvalho