31 de agosto de 2011

Estou farto

           Acabei de ler uma asquerosa crítica à Senadora Marina Silva. Faltam dados, falta seriedade, falta responsabilidade! A crítica foi publicada num site que se propõe ser arauto de mídia séria! Mas,  de fato, é porta-voz do que era chamado, no tempo em que as ideologias estavam na pauta, de extrema direita. Parece que ainda há quem tenha saudade do tempo em que se torturava a quem quisesse, quando quisesse. Gente para quem a palavra democracia não significa nada.
       Recentemente, um artigo publicado nessa mídia me citou, acusando-me de esquerdista, pró-aborto e de pró-gayzismo. E já fui questionado quanto a isto.
Não sou pró-aborto, mas, também, não sou a favor desse estado de coisas, onde a mulher é usada e abusada, onde a orientação sexual não chega aos pobres, onde o Estado se omite e faz vistas grossas ao estado de violência a qual o jovem e, principalmente, a moça está submetida, pela alienação das drogas e dos bailes funks, que sustentam o machismo que faz da mulher o mais abjeto objeto. E não sou contra a mulher vítima de estupro, e cuja gravidez lhe seja fatal, ser assistida na interrupção de sua gravidez.
         Não sou pró-gayzismo, seja lá o que isso signifique, mas sou a favor dos direitos civis. Sou contra a tentativa do movimento gay de reescrever a Bíblia, mas, também, sou contra privar os homossexuais do usufruto do patrimônio de construção conjunta. Sou contra o impedimento de ajudar a um homossexual que o queira deixar de ser, como sou contra a hostilização de um ser humano porque ele ter se declarado homossexual. A palavra esquerdista não faz mais sentido, nos dias correntes. Eu sou progressista! Sou a favor da reforma agrária, do acesso universal à educação, à moradia, à saúde, ao transporte urbano, à alimentação adequada. Sou a favor da distribuição de renda, da erradicação da pobreza, da sustentação do meio ambiente e da democracia. Sabe de uma coisa? Eu não sei quanto a você, mas eu estou farto dessa gente que se acha dona da verdade, e que, em nome do que acham ser a verdade, vivem a matar pessoas.
         Farto dessa gente que se apossou de Deus, como se Deus fosse um objeto que se possa ter e manipular. Essa gente que não considera como semelhante quem não concorda com eles! Recentemente, também, uma série de e-mails anônimos foram disparados me caluniando, tentando me vender como um pecador dissimulado, para dizer o mínimo. Estou farto desses covardes, sem caráter que, por detrás do anonimato, vivem a tentar destruir a vida dos outros. Estou farto dos que dão ouvidos a eles, fazendo valer a calúnia e a difamação. Estou farto dessa gente que anima suas rodas de amigos falando mal dos outros, zombando da desgraça alheia. Farto dessa gente que vê fantasma em todo o lugar, que está sempre procurando alguém para atacar e para destruir.
         Estou farto dessa gente que não sabe o que é debate intelectual, que toma tudo como pessoal, porque se vê como a medida para a verdade. Farto dessa gente que em vez de pregar o Evangelho, fica checando se os outros o estão. Checando se o outro crê “certo”. Estou tão farto disto, tanto quanto, dos que estão invocando Deus para obter dinheiro para os seus negócios, travestidos de ministérios, de igreja ou de denominação. Dos que lutam pelo poder denominacional, transformando o Odre em algo mais importante do que o Vinho.
Também, me fartei dessa gente que quer destruir tudo, confundindo a igreja local com a deturpação da denominação, confundindo o povo com os seus maus líderes e que se tornam líderes tão maus quanto os que condenaram, e que saem pelo mundo atacando os pastores e as estruturas com a mesma fúria dos que as estão usando para benefício próprio.
         Estou farto desses apóstolos que venderam que tinham de ser apóstolos para derrubar as potestades nas cidades, as mesmas que foram destronadas na Cruz de Cristo! Estou farto dos que não usam o título de apóstolos, mas agem do mesmo jeito! Estou farto dos liberais, que rasgam a Bíblia e saem a zombar de quem crê.
         Estou farto desses ecumênicos que dizem celebrar a fé, de modo indistinto, mas não conseguem estender a mão para o irmão pentecostal. Mas jamais me fartarei da Igreja: A Igreja é a comunidade da fé! É a nossa casa!
A Igreja é lugar de perdão e de reconciliação. O que é oferecido a todos nós, inclusive para os que agem como se não o precisassem, é a oportunidade de se arrepender. A fé cristã não prega a impecabilidade, prega o arrependimento!
A fé cristã prega que o amor é demonstrado no perdão e no serviço! A gente deve continuar a lutar pela Igreja! Continuar a lutar pelo resgate da humanidade, e de toda a criação de Deus. Nosso problema não está no termo pastores ou presbíteros, mas em sermos todos apascentadores. Nosso problema não está em darmos dízimos e ofertas, mas em como ofertamos, e como usamos as nossas ofertas e dízimos. A Igreja somos nós, e o único Ungido é Cristo Jesus. Todo poder: seja religioso ou econômico ou de qualquer natureza, tem de ser controlado pela totalidade do povo. Se você está farto como eu, não saia da Igreja, Igreja é invenção de Jesus. "Jesus disse que onde 2 ou 3 estiverem reunidos em seu nome, ele lá estaria." Mt 18.20. Jesus seria a 4ª pessoa naquela reunião. Jesus seria a visita especial.
         Ali Ele segredaria o que não pode dizer pessoalmente. Paulo disse que só com os demais irmãos é possível conhecer o amor de Cristo, em toda a sua dimensão. Ef 3.18. Alguns têm entendido que essa reunião é o fim de toda a formalização, a comprovação de que nunca precisamos de formalização alguma.
Mas, o que é reunir-se em torno de Jesus? Jesus instituiu como reunião em torno dele a reunião em torno da ceia do Senhor. Jesus disse que  toda a vez que comêssemos do pão e bebêssemos do vinho, o anunciaríamos, até que  ele volte. 1 Co 11.26. É em torno da ceia  do Senhor que nos reunimos em nome do Senhor.
         Isso é formalização: tem hora, tem maneira e tem lugar. E é seríssima, pois Paulo disse que, dependendo da forma como participamos da ceia, podemos sofrer consequências, inclusive morrer mais cedo. Logo, também tem liturgia. 1 Co 11.27-30. Então, reunir-se em nome de Jesus é reunir-se em torno da ceia. Lá anunciamos o perdão com o que somos perdoados e com que perdoamos. Lá anunciamos a ressurreição, o poder pelo qual vivemos. Lá o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre. Lá é a reunião da Igreja!
         Todas as reuniões só serão da igreja se o forem em torno da mesa, mesmo que a mesa não seja arrumada para aquele dia. A mesa da ceia é a mesa da comunhão. Lá nasceu a Igreja e lá ela é mantida.

http://logoarinoblog.blogspot.com/2010/01/eu-estou-farto.html

Homossexuais podem ser cristãos?

       Já me perguntaram isso algumas vezes ao longo dos anos e, recentemente, essa questão surgiu novamente. Homossexuais podem ser cristãos? Ou, melhor, existe algo como um “cristão homossexual?”. Muitos acreditam que alguém que se envolve em um estilo de vida homossexual está necessariamente excluído do Reino de Deus, a não ser que se arrependam. E o arrependimento aqui significa uma mudança de pensamento rapidamente seguida de uma mudança no estilo de vida. Em outras palavras, enquanto alguns vão dizer que um homossexual pode ser salvo, a salvação garantiria uma mudança de vida em um período curto de tempo.
         Enquanto eu concordo com aqueles que dizem que o homossexualismo é um pecado terrível (Levítico 18.22, 20.13; Romanos 1.27; 1 Coríntios 6.6; 1 Timóteo 1.10), eu não creio que ele esteja além da carnalidade do crente. Também não acredito que, se alguém pratica o homossexualismo por toda sua vida, está necessariamente excluído do Reino de Deus. Espero que ninguém confunda o meu argumento. Eu, de forma alguma, apóio o comportamento homossexual ou procuro relativizar seu aspecto abominável perante o Senhor. Mas eu penso, sim, que nós que não somos tentados dessa forma muitas vezes falhamos em enxergar a seriedade da luta que as pessoas que cometem esse pecado enfrentam.
         O pecado e a tentação sexual é uma parte da vida de qualquer um. Nascemos com uma inclinação a satisfazer essa parte de nossa humanidade criada por Deus. Alguns irão suprimir essa inclinação por causa de um chamado de Deus para suas vidas (celibato, por exemplo). De qualquer forma, o pecado corrompeu essa inclinação e todos nós nascemos infectados pelo pecado. Por conta de estímulos, genética, influências culturais e outros fatores, pessoas experimentarão essa corrupção de diferentes formas. Pessoalmente, nunca senti nenhuma inclinação para expressar minha corrupção sexual de alguma forma focada no mesmo sexo. Por quê? Não necessariamente por causa das boas escolhas que eu fiz, mas porque a genética, os estímulos e as influências não levaram a isso. Eu nunca tive aquela inclinação pecaminosa que gerasse em mim uma atração por alguém do mesmo sexo. Não me entenda mal. Eu tenho uma inclinação sexual pecaminosa, mas é mais do tipo comum. Isso não se justifica nem me faz mais justo que um homossexual; é simplesmente um fato que é um pecado que eu nunca tive que enfrentar.
         Agradeço a Deus por ser esse o caso porque eu sei que qualquer inclinação pecaminosa que eu tenha eventualmente vai levar o melhor de mim. É assim que funciona uma vida corrompida. Eu também sei que não serei liberto totalmente das minhas inclinações até que ocorra a restauração do meu corpo na ressurreição. Eu só preciso fazer o que for possível para controlá-las até que isso aconteça. E, como diz a música do U2, “alguns dias são melhores que os outros” [some days are better than others]. Eu consigo me identificar com outros pecadores porque sou um também. Eu consigo me identificar com aqueles que possuem uma inclinação porque eu também tenho uma (várias, na verdade). Assim, quando vejo alguém cedendo à inclinação do homossexualismo, me entristeço. Compadeço-me deles porque o problema é, essencialmente, o mesmo que o meu. Temos uma natureza corrompida que nos faz suscetíveis a essas inclinações.
         Agora, de volta à questão do momento. Homossexuais podem ser cristãos? Essa é uma questão teológica que evidencia uma falta de entendimento do pecado e da redenção. Ela revela um grande engano sobre a natureza do pecado ao colocar o homossexualismo em sua própria categoria separada, por causa de sua natureza depravada. Se, por um lado, eu acredito que o homossexualismo é um pecado pior do que muitos outros (isso mesmo, nem todos os pecados são iguais, como alguns de nós acreditam), por outro, não acredito que aquele que possuem essa inclinação deveriam ser vistos de forma diferente dos outros.
         Nós poderíamos elaborar a pergunta da seguinte forma: pessoas que tem inclinações pecaminosas podem ser cristãs? É claro. Quem mais poderia? Cristo foi o único que nunca teve uma inclinação pecaminosa. Tudo bem então, que tal assim: pessoas que tem inclinações pecaminosas realmente ruins podem ser cristãs? Novamente, a única resposta bíblica é sim. Pessoas que tem inclinações pecaminosas realmente ruins podem ser cristãs. No fundo, a pergunta que está sendo feita é: pecadores podem ser cristãos? Novamente eu digo, quem mais poderia ser?
         Alguns podem responder dizendo que, mesmo que admitam que homossexuais possam ser cristãos, eles precisam passar por um processo de superação do comportamento pecaminoso. Em outras palavras, eles precisam demonstrar uma consistente e perpétua vitória sobre essa inclinação. Espera aí. Enquanto eu concordo que os homossexuais podem vencer essa inclinação, e muitas vezes, de fato, vencem ao ponto de abandonar totalmente esse estilo de vida, eu não penso que necessariamente é isso que vai acontecer. Eu diria que na minha vida há inclinações que eu sinto que já venci e há outras que permanecem como uma teia de aranha, grudentas e persistentes. Essa é uma teia de engano e destruição que pode facilmente nos aprisionar. Veja o que diz o livro de Hebreus:
“Portanto, nós também, pois estamos rodeados de tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, fitando os olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé” Hb 12.1-2
         O escritor de Hebreus fala que essa teia “nos rodeia”. A passagem, no original, fala do ten euperistaton hamartian – literalmente, “o pecado que captura”. Eu acredito que a referência principal do “pecado que [nos] captura” é o pecado da descrença (o assunto do livro), mas esse pecado da descrença se manifesta no pecado particular. Em outras palavras, o pecado da descrença nos leva a praticarmos nossas inclinações particulares. E, além de tudo, somos “rodeados” por isso. Novamente: enquanto eu concordo que os homossexuais podem e devem  vencer esse pecado, pode acontecer de a batalha não ser tão simples assim. Essa batalha pode ser uma luta contra os próprios atos do homossexualismo ou uma luta constante contra os desejos até o fim da vida. E isso não é diferente para nenhum cristão que não tenha inclinações para uma vida de homossexualismo. Muitos de nós temos outras sérias inclinações que podem nos perseguir até a vinda do Reino.
         Muitos se referem à exortação de Paulo aos coríntios para olharem para as vitórias sobre o pecado, como se dizendo que eles não praticassem mais tais coisas ou estivessem totalmente livres delas. Um desses pecados é o do homossexualismo.
“Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus.” 1 Coríntios 6.9-11
         Por mais que isso pareça ser bem direto após uma leitura mais rápida, não creio que esse trecho apóie a idéia de que homossexuais não possam ser cristãos por duas razões principais. Primeiro, as pessoas para quem Paulo estava escrevendo eram pecadores e estavam sendo exortados por Paulo. Olhe o que ele escreve três capítulos antes:
“Irmãos, não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo. Dei-lhes leite, e não alimento sólido, pois vocês não estavam em condições de recebê-lo. De fato, vocês ainda não estão em condições, porque ainda são carnais. Porque, visto que há inveja e divisão entre vocês, não estão sendo carnais e agindo como mundanos?” 1 Coríntios 3.1-3
         Eles eram carnais. Os pecados descritos em 6.9-10 são pecados carnais. Isso significa que os coríntios não estão indo necessariamente muito bem. Mesmo assim, Paulo fala que eles eram lavados e santificados. Dessa forma, ou Paulo sofria de algum tipo de amnésia ou nós precisamos entender 6.9-11 de forma diferente, o que nos leva à segunda razão pela qual acredito que essa passagem não possa ser usada para sustentar a idéia de que homossexuais não possam ser cristãos. Paulo identifica os cristãos com Cristo, não com a sua disposição pecaminosa. No pensamento Paulino, aqueles que foram envolvidos pela justiça de Cristo não são mais identificados de acordo com suas inclinações pecaminosas, mesmo que essas inclinações continuem a envolvê-los. Os coríntios estavam envolvidos com suas inclinações, mas Paulo os enxerga através da justiça de Cristo. É por isso que Paulo poderia dizer “assim foram alguns de vocês”. Isso não fez que os pecados fossem menos severos, mas isso significa que a redenção de Cristo, na teologia Paulina, redimiu o pecador, mesmo ainda em estado de pecado. Aqueles que não possuem a cobertura da justiça de Cristo ainda são identificados pelos seus pecados perante os olhos de Deus. Logo, entendendo esse contexto, é verdade, imorais, ladrões, adúlteros, homossexuais e todos os outros ímpios (que não estão cobertos pela justiça de Cristo) não herdarão o Reino de Deus. Mas, ainda bem, nós fomos cobertos pela justiça dele e fomos separados, mesmo sendo ainda pecadores. Mais uma coisa. Muitas vezes eu ouço essa concessão: tudo bem, eu acredito que homossexuais possam ser salvos, mas eles não podem acreditar que seu pecado é aprovado por Deus ou tentar justificá-lo. Por mais que eu entenda e concorde até certo ponto com isso, ainda tenho algum cuidado e acho que isso não é sempre o caso. Todos nós temos maneiras de justificar nossas inclinações, seja lá quais sejam elas. Às vezes, nós minimizamos o peso delas e, às vezes, simplesmente as negamos. Também é comum que a situação seja tal que nós simplesmente não as tratemos de forma alguma. Pedro viveu doze anos após a ressurreição de Cristo justificando sua crença de que os judeus eram melhores que os gentios.
         Ele viveu por doze anos após se tornar um cristão acreditando que, por ser um judeu, era tão melhor que os gentios que não poderia pisar na casa de um. Falando a Cornélio, um gentio, e a sua família, ele disse “Vocês sabem muito bem que é contra a nossa lei um judeu associar-se a um gentio ou mesmo visitá-lo. Mas Deus me mostrou que eu não deveria chamar impuro ou imundo a homem nenhum.” (Atos 10.28). E se Pedro tivesse morrido no ano onze? Ele teria morrido após viver toda a sua vida cristã sendo um racista orgulhoso. No Novo Testamento, o racismo é considerado muito mais ímpio que o homossexualismo. Logo, por mais que eu acredite que a convicção do Espírito Santo deva estar lá e vai mudar nossos corações, nós temos essa grande inclinação a justificar nossa pecaminosidade para nós mesmos, para os outros, ou simplesmente ignorá-la.
         Tendo dito tudo isso, é necessário reconhecer à profunda pecaminosidade da perversão sexual. Homossexualismo é um pecado, e um dos mais destrutivos. Mas precisamos tomar cuidado e sermos graciosos com aqueles que lutam contra esse pecado, entendendo que a luta contra o pecado é comum a todos nós. A solução é não se comprometer com a agenda politicamente correta da nossa cultura, que transforma qualquer pecado em uma escolha de estilo de vida perfeitamente aceitável, mas ao mesmo tempo, sermos graciosos, sabendo que a única esperança que alguém pode ter é ser coberto pela justiça de Cristo, não a nossa.
         Um homossexual pode ser um cristão? Sim. Todos os pecadores podem ser cristãos. De fato, todos os cristãos são pecadores. Que olhemos todos para essa questão importante à luz de um entendimento profundo da luta contra o pecado e que Deus nos ajude a vencer as nossas inclinações.
“O pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo” Gênesis 4.7
Por C. Michael Patton
Fonte: iPródigo

17 de agosto de 2011

Cristianismo sem o Cristo é ilusionismo

          O que tem acontecido com as igrejas brasileiras? Minha indagação provém de algumas leituras e por constatação visível da situação atual de nossas igrejas. Digo isto porque sempre me deparo com algumas mensagens em nosso meio que em nada exalam a beleza do verbo encarnado.
            Vivemos um tempo de igreja em que se pregar sobre condenação, julgamento, justificação, arrependimento e outros assuntos importantes na vida cristã estão sendo cada vez mais negligenciados dos púlpitos. Hoje vivemos os que os estudiosos chamam de “deísmo moralista terapêutico”. Resumidamente, significa a idéia de um Deus que salva todos aqueles que são bons, corretos e sinceros de coração em suas atitudes nesta terra. O que mais importa é sentir-se bem e feliz consigo e com os outros. A concepção de um Deus pessoal não existe, a não ser quando eu preciso de alguma intervenção divina para resolver querelas da minha vida.
         Parece algo absurdo dizer que as igrejas hoje estão assim também. Por incrível que pareça não é nenhum absurdo. O que se tem observado de vários púlpitos é justamente a idéia de um Deus que só serve para nos abençoar e resolver questões particulares de minha vida e nada mais. Não preciso me relacionar com este Deus em sua profundidade, pois aprendendo a fazer o ritual “mágico” que alguns “pastores” ensinam, posso conseguir todas as benesses celestiais.
         É um cristianismo sem Cristo e cada vez mais humanista e centrado no ser humano. As nossas pregações giram em torno da clientela que tem sido cada vez mais exigente e cada vez mais alienada também. Não falam mais da cruz de Cristo, do pecado, da mudança de mente e da eternidade. Temos nos preocupado somente com o agora. Isto tem sido a tônica dos sermões das mais variadas igrejas em nosso país.
         O transcendente só serve para ser manipulado pelos fiéis com o único intuito de não deixá-los sofrer e sempre serem vencedores. Esta não é a verdadeira mensagem de Jesus. Aliás, o foco da mensagem há tempos tem deixado de ser cristocêntrica para tornar-se antropocêntrica. Quantas vezes você se sentiu num consultório clínico do que em um culto a Deus? Os cultos parecem mais com terapia de grupo (como posso ser feliz) do que com o sacrifício e ressurreição de Jesus. As vicissitudes da vida é que tem orientado a agenda da igreja e dos “pregadores” contemporâneos.
            Infelizmente o que temos acompanhado com muita tristeza nas igrejas, é que existem pregadores mais interessados em manter cativos seus fiéis aos seus ministérios do que fiéis ao Senhor Jesus. São mensagens que massageiam nosso ego e que em nada revelam a grandeza do evangelho de Cristo. Que voltemos ao evangelho puro e simples. Paz para todos e todas!
Marco Carvalho

15 de agosto de 2011

Pastor diz que Spurgeon perdeu a salvação e foi para o inferno

         Há pouco fiquei sabendo de um pastor que disse a seguinte pérola sobre o grande pregador Charles H. Spurgeon:  "Este cara perdeu a salvação e foi para o Inferno." Ao ser indagado por ter falado tamanha bizarrice, o pastorzinho afirmou:  "Ele foi para o inferno porque sofria de gota e experimentou durante a vida momentos de depressão." Para piorar a situação, o  teólogo de GEZUIS, disse que crente que é crente não fica doente, e se por acaso contrair alguma enfermidade, é porque não nasceu de novo.
         Caro leitor, sinceramente eu não sei o que esse pessoal tem na cabeça! Afirmar que Spurgeon foi para o inferno porque sofria em virtude de uma enfermidade é de uma ignorância ABSURDA! Ora, em que parte das Escrituras encontramos base teológica para essas afirmar que um crente perde a salvação?
         Prezado amigo, a Bíblia é enfática em afirmar a segurança dos crentes. Para as Sagradas Escrituras, não é possível com que o verdadeiro crente afaste-se definitivamente da graça de Deus, até porque, as doutrinas bíblicas quanto a garantia da salvação são extremamente claras. Por favor, leia atentamente o o texto abaixo:
"As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das minhas mãos. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las das mãos de meu Pai.” Jo 10:27-29 
         Caro leitor, o texto em questão é claro. O crente que nasceu de novo, nunca há de perecer. Junta-se a isso o fato de que ninguém é poderoso suficientemente para arrancar os salvos das mãos do Senhor. É indispensável também que entendamos que o fato de alguém acreditar que o cristão pode jogar fora a salvação que o Pai lhe deu, aponta efetivamente para o desconhecimento das doutrinas bíblicas. Além disso, foi o próprio Senhor Jesus quem disse: “Todo o que o Pai me dá, virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”. (Jo 6:37) Vale também a pena ressaltar de que o Senhor Jesus ao ascender aos céus, deixou-nos o Espírito Santo como garantia da nossa salvação. A presença do Espírito em nós é a esperança e convicção da vida eterna. O Espírito Santo é o penhor, o qual nos garante irrevogavelmente a eternidade com Deus.

“Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. (Ef 1:13)
“O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória”. (Ef 1:14) 
“E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção”. (Ef 4:30)
“O qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações”. (2Co 1:22)
         Louvado seja o Senhor Jesus Cristo pela Salvação eterna! Engrandecido seja o seu nome, porque a salvação das nossas almas não depende dos nossos esforços, e sim exclusivamente dele. Somos irremediavelmente salvos, vamos viver com Cristo pelos séculos dos séculos amém! Soli Deo Gloria.

Renato Vargens
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12 de agosto de 2011

A importância da palavra de Deus


Por uma Pastoral mais afetiva

              
             
       No processo do desenvolvimento humano, aprendemos que o ser humano é muito mais do que seus próprios instintos. E que o processo de tornarmos pessoa é uma longa caminhada de frustrações, vitórias, decepções, conquistas, amor, ódio, perdão, raiva e tantos outros sentimentos inerentes a homens e mulheres. Os desafios encontrados ao longo de nossas vidas são positivos, pois eles nos proporcionam a ocasião necessária para um amadurecimento e melhoria da realidade de cada um de nós.
      Na vida cristã contemporânea somos desafiados cotidiamente a encontrarmos respostas das mais variáreis possíveis sobre os problemas que a sociedade tem enfrentado. E nem sempre temos tido cuidado com o outro na elaboração dessas respostas. Elas não parecem refletir a realidade atual e sempre são carregadas de farisaísmos e condenação. Sem uma percepção holística do ser humano, caímos em repetições das respostas e não conseguimos avançar para um caminho mais consistente.
         Acredito que um caminho possível para construirmos relacionamentos mais saudáveis, seria o da afetividade. Nos evangelhos encontramos na pessoa de Cristo um dos discursos mais belos sobre o afeto. O texto para nossa reflexão é o da mulher pega em adultério que encontramos em (Jo 8:1-11). Ainda que este texto na verdade comece em Jo 7:53 e que em muitos manuscritos este relato tenha sido algum acréscimo, nossa caminhada não será exegética, mas sim da pastoral.
       Enquanto não desenvolvermos uma pastoral mais afetiva em nossas comunidades, estaremos gerando pessoas quebradas emocionalmente e espiritualmente. Os nossos olhos precisam ser rápidos em perceber o que está oculto e termos a sensibilidade de lermos a vida nas entrelinhas do ser para desvendarmos o que aflige o coração das pessoas.
      Ainda precisamos reler os textos bíblicos onde Jesus nos ensina o caminho da afetividade nos encontros com homens e mulheres que cruzavam seu caminho e que eram transformadas pela singeleza de seu coração e pela transbordante graça que imanava de seus lábios aptos a promover justiça e perdão naqueles que se permitiam ser achados por ele.
          Para uma pastoral afetiva se faz necessário amadurecermos e reconhecermos o quão distantes estamos ainda da vontade de Deus em proporcionar cura para os relacionamentos em nossas comunidades e principalmente para o mundo que chora suas misérias escondendo-se da realidade e fugindo de suas mazelas.
       Neste processo de amadurecimento, é no relacionamento, no diálogo e principalmente no afeto que homens e mulheres aprendem a vivenciar de forma madura e objetiva o valor dessas experiências. O dialogo do afeto é primordialmente uma abertura para o outro. São nesses diálogos que a pessoa aprende a mediar o seu desejo e seus limites.
        Segundo o sociólogo Bauman: “O que aprendemos com a amarga experiência é que essa situação de ter sido abandonado à própria sorte, sem ter com quem contar quando necessário quem nos console e nos dê a mão, é terrível e assustadora, mas nunca se está mais só e abandonado do que quando se luta para ter a certeza de que agora existe de fato alguém com quem se pode contar, amanhã e depois, para fazer tudo isso se quando a roda da fortuna começar a girar em outra direção”.
       Só caminharemos se passarmos pela experiência de enxergármos o outro não mais com nossas lentes que muitas vezes estão embaçadas, mais quando permitirmos que o olhar do Cristo de fato seja nosso referencial de vida. Que sejamos como o Mestre do afeto para lidarmos com os pré-conceitos estabelecidos por nós mesmos. Graça e paz!

Marco Carvalho

5 de agosto de 2011

Não é estupro se for na globo.

           Há alguns meses a arroba mais influente do Twitter, como Rafinha Bastos gosta de ser chamado, foi duramente criticado por fazer uma piada sobre estupro dizendo que “mulher feia quando é estuprada deveria agradecer”. Além dos ataques no Twitter, o Ministério Público decidiu investigá-lo por conta da piadinha desrespeitosa e de péssimo gosto. Nada mais justo. Estupro ou qualquer outro tipo de abuso sexual é algo nojento e criminoso. Além disso, uma “piada” como essa fere a dignidade de quem já passou por essa situação e dos seus familiares. Eu tenho um caso de estupro na família e me sinto ofendido quando vejo alguém banalizando algo tão grave.
         Paralelo a tudo isso, a nova sensação do sempre engraçadíssimo e inovador Zorra Total [/ironia] conta da história de uma transexual e sua amiga feia que andam em um metrô lotado e suas desventuras cotidianas. Tudo isso em meio a um bordão que se popularizou rapidamente: Ai, como eu tô bandida!
         O roteiro do quadro não muda: Janete encontra Valéria, elas comentam sobre a cirurgia de mudança de sexo de Valéria, fazem uma brincadeira de “você gosta?” – “gosto” até o infinito que irrita o telespectador e a personagem, Valéria dá meia dúzia de patadas e apelidos em Janete e, por fim, alguém abusa sexualmente de Janete no vagão lotado. Neste momento Valéria, muito debochada, diz pra amiga aproveitar o momento porque não é sempre que uma mulher como ela tem esse tipo de sorte. Ou seja, em meio a todas as claques e clichês que imperam no programa de sábado, ensinamos semanalmente que a mulher não deve reagir ou se ofender caso seja sexualmente abusada, e caso venha a sofrer um estupro, deve se sentir sortuda, pois nenhum homem gostaria de se envolver com uma mulher feia. Percebam que é exatamente a mesma piada que saiu da boca de Rafinha Bastos e foi absurdamente pisoteada. Porém na Globo sua projeção é outra, torna-se benéfico. Ignora-se o fato do desrespeito a dignidade. O pior de tudo: tal quadro alcança hoje 25 pontos no Ibope. Todo sábado a noite o mesmo roteiro ensina às mesmas pessoas que estupros e abusos sexuais são bênçãos, e não devem ser denunciados.
         Fica a pergunta: Qual a diferença do estupro de Rafinha Bastos e do estupro de Valéria e Janete? Nenhuma, salvo o poder de penetração da mensagem. Enquanto Rafinha atende a um público mais “elitizado” socio-culturalmente (afinal, ele é defensor do tal ‘humor inteligente’, apesar dos quilos de preconceito), o Zorra Total vai de encontro com um povo que provavelmente não teve acesso a informação e que utiliza na maioria das vezes a televisão como seu quadro negro involuntário. Os quadros subsequentes colocam a mulher como unicamente uma fêmea, um objeto sexual, ridicularizam o fato Presidência do Brasil estar nas mãos de uma mulher e passam uma hora semanal fazendo o retrógrado humor da mulher de pouca roupa, erotizando o telespectador. Esse é o mesmo programa que ensina que estupro é o novo ‘casar e ter filhos’. É um humor machista e misógino. Eu sinceramente não acho a menor graça dessa bandidagem da Valéria.
         Aos que não sabem: hoje no Brasil, 43% das mulheres brasileiras sofrem violência doméstica; uma mulher é violentada a cada 12 segundos; a cada duas horas uma mulher é assassinada. E você vai continuar rindo disso?
Por João Marcio
http://rodsilva.wordpress.com/2011/08/03/nao-e-estupro-se-for-na-globo/

4 de agosto de 2011

Entre esperanças e incertezas


          Estamos começando mais uma jornada de idas e vindas neste novo semestre que se inicia. Já caminhamos metade desta trilha este ano. E nesta caminhada somos desafiados continuamente a refletirmos para que direção estamos indo. Aonde iremos chegar se continuarmos por este caminho? As perguntas são muitas e as inquietações que nos afligem dia após dia também. O que fazer diante de tantas incertezas e frustrações que as estruturas de poder tentam nos impor diariamente? Penso que o texto do evangelho de Lucas 24:13-35 tem muito a nos dizer quando estamos vivendo um fase de interrogações em nosso coração.
            Uma das grandes dificuldades dos seres humanos, e a de lidarem tranquilamente com o silêncio. O silêncio nos é perturbador e aflige nossa alma de tal forma que ficamos paralisados e muitas vezes sem sabermos ao certo o que fazer e que decisão tomar em momentos cruciais de nossas vidas. Aqueles discípulos se encontravam assim. Ainda que estes dois discípulos de Jesus conversassem entre si, havia um silêncio existencial que almejava por respostas concretas para o momento em que passavam. O mestre havia morrido. Então, como iremos dar continuidade e sentido a nossa própria existência?
            O que não podemos perder de vista é que ainda que os discípulos estivessem com seus corações tristes e aflitos, eles não se esqueceram do referencial que Cristo havia deixado neles em vida. Pois os mesmos conheciam perfeitamente quem era Jesus quando disseram: “varão profeta, poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo”. Nesta caminhada de incertezas que as circunstâncias nos colocam, devemos também discernir os tempos e termos os olhos abertos para aquilo que está ao nosso redor. Não devemos ser néscios e tardos de coração para compreendermos que aquele que está bem perto de nós estará sempre apto a nos ouvir e aquecer nosso coração com palavras que dão vida e significado para aqueles que a ouvem e a praticam.
            Nossa esperança é que neste novo semestre, ainda que alguns desafios e dificuldades possam se avolumar, que todos nós possamos ter o nosso coração renovado pela presença do Cristo ressurreto na vida de homens e mulheres que de fato queiram fazer a diferença neste tempo cheio de incertezas. Que a paz de Deus esteja sobre todos. Amém. 

Marco Carvalho

3 de agosto de 2011

Os "levitas" e suas canções de mercado

       Não é de hoje que temos visto a desenvolvimento da música cristã no cenário nacional. Se analisarmos o atual momento, podemos identificar que houve alguns avanços na música evangélica brasileira. A sociedade mudou e a mentalidade de alguns cristãos em relação à música também. Hoje já vemos vários estilos sendo tocados na liturgia de muitas igrejas. Algo que era impensável anos atrás. Esta evolução fez até certo ponto muito bem para as igrejas em nosso território, salvo algumas exceções.
         Apesar destes avanços na música evangélica, algo parece ter saído do rumo central nesta caminhada. Pois, o que temos observado atualmente nas canções evangélicas, é um despreparo total no conteúdo das canções. São músicas rasas e muitas vezes de gosto duvidoso e sem nenhuma preocupação teológica com o que se canta. Afinal, Deus olha para o meu coração. É o que dizem por aí.
         Sou de um tempo onde ouvíamos músicas cristãs que enalteciam a grandeza do Senhor e não o ego do cantor. Estamos vivendo tempos onde cantores se tornaram astros e quem menos brilha é Jesus. Infelizmente, a adoração nas igrejas tem se tornado um grande entretenimento religioso onde se falam as maiores baboseiras nas “ministrações” dos “levitas” do Senhor. Os cultos se restringiram apenas ao “momento de louvor” em muitas igrejas. O que se vê é que depois de “ministrarem”, os músicos saem e geralmente não assistem pregação. Talvez seja por isso que suas letras sejam tão sofríveis e com pouca ou nenhuma qualidade melódica.
         Não muito tempo atrás, éramos conduzidos por canções de grupos como: vencedores por Cristo, João Alexandre, Grupo Logus, Adhemar de Campos, Nelson Bomilcar, entre outros. Suas canções marcaram gerações e continuam a marcar quando são tocadas nas igrejas. Naquele tempo não havia toda a parafernália que existe hoje para adorar ao Senhor, e ainda assim essas letras nos levam a presença doce e afável do Cristo vivo, que na sua simplicidade nos ensinou o verdadeiro sentido da adoração.
         Eram músicas que exaltavam a Deus e que tinham além de boa musicalidade, o que acho essencial para uma boa música cristã: conteúdo teológico, graça e espiritualidade. Algo que tem faltado na maioria das canções de hoje. Porque estas são feitas para vender e entreter o povo com suas inovações nem tão novas assim. Vejamos um texto bíblico que ilustra bem isso: “E levaram a arca de Deus, da casa de Abinadabe, sobre um carro novo; e Uzá e Aiô guiavam o carro”. 1ª Cr 13:7). Este relato bíblico trata da tentativa de Davi levar a Arca da Aliança de Quiriate-Jearim que se encontrava em Judá, para Jerusalém. O rei Davi, tinha até uma boa intenção em fazer tal coisa. Porém o que devemos perguntar é: será que tal atitude era correta ainda que Davi tivesse uma boa intenção?
         Vejamos o contexto do ocorrido. Davi tinha acabado de ser conclamado Rei. Aí ele teve a brilhante idéia de trazer a Arca para o povo. A arca da aliança simboliza a presença de Deus no meio do seu povo. Davi começou certo mas o caminho que escolheu para isso foi errado. A Arca da aliança não poderia ser conduzida de qualquer forma, pois o próprio Deus havia deixado as instruções sobre como ela deveria ser levada. Davi fez o que muitos fazem por aí. Tentou inovar. Ele enfeitou um carro de boi novo, colocou vários utensílios e jogou a Arca em cima dele. E não dado por satisfeito pôs dois sacerdotes enfeitados também. Aconteceu que o carro de boi tropeçou em uma pedra no caminho, e Uzá, o sacerdote, colocou a mão na arca para que ela não quebrasse no chão.
            A história todo mundo conhece. O sacerdote morreu fulminado imediatamente. O que podemos aprender aqui é que: 1º quando perdemos a centralidade da palavra de Deus, ficamos a mercê do modismo do momento; 2º Quando tomamos a função do outro, o que fazemos ainda que seja bem intencionado pode não agradar a Deus. (a arca só podia ser conduzida pelos levitas e não pelos sacerdotes) e 3º quando perdemos a noção do que Deus é, profanamos o que é sagrado. Em nome da “inovação” todos ficaram sem discernimento do certo e do errado.
         O que podemos extrair deste relato bíblico é que não precisamos de inovação, mas sim de maturação para compreendermos o sentido real da adoração ao Senhor. Há muito barulho e pouco louvor; muitos ritmos, mas pouca musicalidade; muita unção, mas pouca espiritualidade; muitas letras, pouco conteúdo; muita superficialidade e pouca profundidade; muita estética e pouca ética. Que a paz esteja convosco e que Deus tenha misericórdia.

Marco Carvalho