“Um cristão verdadeiro é uma pessoa estranha em todos os sentidos. Ele sente um amor supremo por alguém que ele nunca viu; conversa familiarmente todos os dias com alguém que não pode ver; espera ir para o céu pelos méritos de outro; esvazia-se para que possa estar cheio; admite estar errado para que possa ser declarado certo; desce para que possa ir para o alto; é mais forte quando ele é mais fraco; é mais rico quando é mais pobre; mais feliz quando se sente o pior. Ele morre para que possa viver; renuncia para que possa ter; doa para que possa manter; vê o invisível, ouve o inaudível e conhece o que excede todo o entendimento” A. W. Tozer
A urbanização das grandes metrópoles e banalização dos relacionamentos pessoais tem criado uma geração de pessoas com os corações insensíveis a dor do próximo. As feridas emocionais deste século e a superficialidade das pessoas dificultam em muito, criar um ambiente saudável e fortalecido pela comunhão em todos os segmentos sociais.
Vivemos tempos em que não há tempo para o tato, pois junto com a tecnologia vieram os isolamentos e não percebemos mais o valor que um abraço ou aperto de mãos oferece na vida de quem o recebe. O toque tem uma representatividade penetrante na vida de homens e mulheres. O toque pode ser mais revelador do que se imagina quando tocamos não somente a pele, a superfície, o visível, mas, quando tocamos singelamente a alma através de gestos que falam por si só.
A intensidade do toque mostrará quem são as pessoas que estão ao seu redor seja para a construção do ser, ou para a desconstrução. Quantos que já não foram aquecidos pelo toque de quem nos ama? A frieza do tato endurece a alma e enrijece o coração quente que pulsa em nossas entranhas e que espera ansiosamente ser desvendado e encontrar repouso. Assim vemos o convite do mestre do amor e autor da vida nas páginas do evangelho quando convida homens e mulheres a encontrarem descanso para sua alma.
Acredito no toque que Cristo dá em nosso corpo divida juntas e medulas e esquadrinhe o coração a ponto de limpar toda mácula, mágoas, dores e dissabores que surgem em nossa trajetória. Este toque que recebemos de Cristo não é místico e muito menos transcendente, distante de nós e do chão onde pisamos; Não! Ele é real e imana de um coração misericordioso e cheio de graça e verdade que invade nossa existencialidade não deixando vácuos em que Ele não possa cuidar e sensibilizar-se com suas criaturas.
Num mundo marcado por comidas rápidas e insípidas, um dos sentidos que mais tem sido aguçados na sociedade é o paladar. São várias as opções dos cardápios apresentados pra nós, nem sempre de forma honesta. No seguimento de Jesus, a espiritualidade também ocorria durante as refeições em que ele discorria sobre as escrituras e os corações eram iluminados pela sua palavra. Muitos pensam que o que move o mundo é dinheiro, porém acredito que a fome seja o grande mal desde que o mundo existe. Como dizia Betinho de Souza: “Quem tem fome, tem pressa”. E quem está com fome troca a primogenitura por um prato de lentilhas e depois se arrepende e nunca mais é lembrado. Lembram dessa história entre Jacó e Esaú. Ali vemos o resultado de uma espiritualidade voltada para si e concentrada no momento. Quantos de nós não agimos de igual modo quando somos tentados a fazer aquilo que é momentâneo em detrimento do que é autêntico. Que no exercício da práxis espiritual, aprendamos com Cristo que o que mata o ser humano não é o que entra, mais o que sai da boca de homens e mulheres. Que possamos ter um paladar doce e menos amargo nas escolhas que fazemos para nossa vivência espiritual. Solus Christus!
Marco Carvalho
Que ótimo!
ResponderExcluirMais uma ferramenta para evangelização e estudo.
Que Deus abençoe ainda mais a sua vida!