14 de junho de 2011

Convivência: A arte perdida

O escritor Fernando Pessoa em um dos seus textos diz: “Deus costuma usar a solidão para nos ensinar sobre a convivência”. E o que será que acontece quando não conseguimos conviver, mesmo sem a solidão para nos assolar? Será que perdermos a beleza de saber conviver? As inquietações são muitas e as possibilidades de crescermos integralmente é uma incógnita. Digo isto, por nós termos sido roubados de nossa inteireza neste mundo cartesiano que vivemos.
A convivência para aqueles/aquelas que buscam uma espiritualidade integral e que tem como inspiração o Verbo que se tornou ser vivente e habitou entre nós, só é possível quando não perdemos a habilidade de dialogar e de conhecermos o outro. Infelizmente vivemos tempos em que às pessoas falam, mas não se deixam conhecer, escutam, mas não ouvem, tocam-se, mas não tem intimidade e como diz o poeta Lulu Santos “Assim caminha a humanidade” que sendo uma grande multidão, andam solitários e em direção a lugar nenhum.
A proposta no seguimento de Jesus é dinâmica e comunitária e por isso pode sim, ser vivida no tempo de hoje. No seu encontro com a mulher samaritana enxergamos a beleza da convivência sendo vivenciada no diálogo de Jesus com aquela mulher. O mestre do amor sabia dialogar com o que era inescrutável, e nesta lição de convivência, Ele transformou uma conversa descompromissada em uma bela obra de arte com requintes de sutileza e verdade, singeleza e mansidão, graça e perdão.
Que no exercício da práxis da convivência saibamos ser sensíveis para com o próximo e façamos as nossas leituras a partir da percepção do outro e da outra e não daquilo que julgamos como correto. Conviver é como a poesia, que precisa ser entendida nas entrelinhas e na harmonia em que foi escrita. Que sejamos como artífices nas mãos do Artesão.

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