31 de dezembro de 2012

FELIZ 2013!!!


        Estamos chegando perto de mais um fim de ano. Nesta época muitas pessoas costumam fazer novas promessas para o ano seguinte na expectativa de terem suas vidas transformadas como num passe de mágica. São as roupas brancas, os pulinhos na onda, as flores e tantos outros rituais para obterem conquistas, dinheiro, saúde e todo tipo de favor divino. Infelizmente ou (felizmente) para alguns mercadores da fé esses rituais se tornaram nesta época do ano uma oportunidade para explorarem da fé dos incautos e lhes tirarem ainda mais o que eles tem. São as campanhas de Israel, o banho ungido do Rio Jordão (atualmente este rio está pior que o rio Guandu), o óleo santo das Oliveiras e outras bobagens que iludem o povão que me parece gostar de ser enganado.
        O que percebo é que essas pessoas não estão à procura do Deus Trino revelado nas escrituras, mas, na verdade elas estão interessadas somente nos benefícios que Ele pode nos dar. Entretanto, o nosso Deus não se deixa escarnecer e muito menos está preso aos nossos interesses mesquinhos e que não o glorificam. O nosso Deus é Santo e é necessário que entremos na sua presença com amor e reverência e não buscando nossa vontade.
        Acontece que as pessoas e muitos cristãos se comportam como as multidões que seguiam Jesus no evangelho de João capítulo 6. Quando Jesus multiplicou os pães e peixes as grandes massas adoravam-no e lhe rendiam louvor, porém, quando Jesus disse: "A verdade é que vocês estão me procurando, não porque viram os sinais miraculosos, mas porque comeram os pães e ficaram satisfeitos" (João 6:26). Todo aquele carinho foi acabando e a verdadeira face dos "seguidores" foi sendo revelada. Muitos seguem Jesus por interesse. São pessoas que não foram regeneradas pelo Espírito Santo ou ainda não compreenderam que a maior dádiva que um homem ou mulher podem receber em sua vida é ter a vida eterna e o perdão dos seus pecados.
        Neste interím, surgem os lobos com pele de cordeiro para enganarem os fiéis com as novas indulgências para se obter um agrado de Deus. Não se deixem levar por doutrinas estranhas ao evangelho puro e simples das escrituras. Termino este texto fazendo algumas previsões para 2013.
 
1º O evangelho não é mágico se eu e você quisermos ter nossas vidas transformadas por Cristo em 2013 siga o conselho de Paulo em Gálatas 2:20: "Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim".
 
2º Não se deixe enganar pelos ilusionistas da fé siga a orientação da palavra em 2ª Tm 4:3-5"Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências;E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério".
 
3º Leia a palavra de Deus diariamente em 2013 e por toda sua caminhada cristã. Leia Salmos 1:1-3: "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará".

4º Vivemos o tempo das sensações e do subjetivismo, nas igrejas, porém a palavra de Deus no profeta Jeremias diz algo importante sobre o coração humano. Medite em Jeremias 17:9 "O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo"?
 
5º Este novo ano que está para começar ocorrerá dificuldades e situações adversas. Porém, olhe para elas como o apóstolo Paulo fez em Romanos 5:1-5: "Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, E a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado".
 
Que todos sejam ricamente abençoados pelo Senhor Jesus e continuemos amando-o ainda mais em 2013. Beijo no coração.
 
Marco Carvalho

27 de dezembro de 2012

Deus é o autor do mal?


Norman Geisler e Thomas Howe

"Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas". (Is 45.7)

PROBLEMA: De acordo com este versículo, Deus forma a luz e cria as trevas, faz a paz e cria o mal (cf. também Jr 18.11 e Lm 3.38; Am 3.6). Mas muitos outros textos das Escrituras nos informam que Deus não é mau (1Jo 1.5), que ele não pode nem mesmo ver o mal (Hc 1.13), nem pode ser tentado pelo mal (Tg 1.13).

SOLUÇÃO: A Bíblia é clara ao dizer que Deus é moralmente perfeito (cf. Dt32.4; Mt 5:48), e que lhe é impossível pecar (Hb 6.18). Ao mesmo tempo, sua absoluta justiça exige que ele puna o pecado. Este juízo assume ambas as formas: temporal e eterna (Mt 25:41; Ap 20.11-15).
 
Na Sua forma temporal, a execução da justiça de Deus às vezes é chamada de "mal", porque parece ser um mal aos que estão sujeitos a ela (cf. Hb12.11). Entretanto, a palavra hebraica correspondente a mal (rá) empregada no texto nem sempre tem o sentido moral. De fato, contexto mostra que ela deveria ser traduzida como "calamidade" ou "desgraça", como algumas versões o fazem (por exemplo a BJ). Assim, se diz que Deus é o autor do "mal" neste sentido, mas não no sentido moral - pelo menos não da forma direta.
 
Além disso, há um sentido indireto no qual Deus é o autor do mal em seu sentido moral. Deus criou seres morais com livre escolha, e a livre escolha é a origem do mal de ordem moral no universo. Assim, em última instância Deus é respnsável por fazer criaturas morais, que são responsáveis pelo mal da ordem moral. Deus tornou o mal possível ao criar criaturas livres, mas estas em sua liberdade fizeram com que o mal se tornasse real. É claro que a possibilidade do mal (i.e., a livre escolha) é em si mesma uma boa coisa.

Portanto, Deus criou apenas boas coisas, uma das quais foi o poder da livre escolha, e as criaturas morais é que produziram o mal. Entretanto, Deus é o autor de um universo moral, e neste sentido indireto, ele, em última instância, é o autor da possibilidade do mal. É claro, Deus apenas permitiu o mal, jamais o promoveu, e por fim irá produzir um bem maior através dele (cf. Gn 50.20; Ap 21-22).

A relação de Deus com o mal pode ser resumida da seguinte maneira:

DEUS NÃO É O AUTOR DO MAL:

- No sentido do pecado
- Mal de ordem moral
- Perversidade
- Diretamente
- Concretização do mal

DEUS É O AUTOR DO MAL:

- No sentido de calamidade
- Mal de ordem não moral
- Pragas
- Indiretamente
- Possibilidade do mal

Fonte: Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e "Contradições" da Bíblia - Norman Geisler & Thomas Howe Via: Despertai, Bereanos!

24 de dezembro de 2012

Natal é ressurreição

"Ora, eu vos lembro, irmãos, o evangelho que já vos anunciei; o qual também recebestes, e no qual perseverais,  pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal como vo-lo anunciei; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras; que apareceu a Cefas, e depois aos doze;
depois apareceu a mais de quinhentos irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram; depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos; e por derradeiro de todos apareceu também a mim, como a um abortivo. Pois eu sou o menor dos apóstolos, que nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus que está comigo. Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim crestes".
(1 Co 15:1-11)
            Estamos no natal. A comemoração mais importante do cristianismo no Ocidente. Nesta data surgem muitas dúvidas sobre a data da nascimento de Cristo. Muitos dizem que o natal é uma festa pagã que se reporta ao deus Sol do antigo império romano que era festejado no dia 25 de dezembro. O mais importante nestas contendas que todo ano aparecem no dia 25 de dezembro, é compreendermos a dimensão do significado do natal. As escrituras nos mostram com clareza o real sentido desta comemoração que deve permear os nossos corações não somente no natal mais em toda a caminhada de vida cristã.
         O apóstolo Paulo descreve com propriedade em sua carta o que eu e todos os cristãos devemos nos alegrar. A ressurreição de Jesus é maior dádiva que um homem e uma mulher podem receber em suas vidas. Então, celebre, chore, vibre e viva a ressurreição de Jesus no seu coração a cada dia e compartilhe esta boa notícia a todos quantos você puder. Que a paz de Cristo reino no seu coração. amém.
 
Marco Carvalho
 

Natal significa liberdade


"Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida". — Hebreus 2:14-15
         Jesus se tornou homem porque o que era necessário era a morte de um homem que fosse mais do que um homem. A encarnação foi Deus trancafiando a si mesmo no corredor da morte.
Cristo não arriscou a morte. Ele a abraçou. Foi precisamente para isso que ele veio: não para ser servido, mas para servir, e dar a sua vida em resgate por muitos (Marcos 10:45). Não é surpresa que Satanás tenha tentado desviar Jesus da cruz! A cruz era a destruição de Satanás. Como Jesus o destruiu?
         O “poder da morte” é a habilidade de tornar a morte assustadora. O “poder da morte” é o poder que sujeita os homens à escravidão através do pavor da morte. É o poder de manter os homens em pecado, para que a morte seja algo hórrido. Mas Jesus privou Satanás de seu poder. Ele o desarmou. Ele moldou uma couraça de justiça para nós que nos torna imunes à condenação do diabo. Por sua morte, Jesus removeu todos os nossos pecados. E uma pessoa sem pecado leva Satanás à falência. Sua traição é abortada. Sua deslealdade cósmica é frustrada. “Já condenado está, vencido cairá.” A cruz o traspassou. E agora ele dá seus últimos suspiros. Natal significa liberdade. Liberdade do medo da morte.
       Jesus tomou nossa natureza em Belém, para morrer a nossa morte em Jerusalém, para que pudéssemos ser destemidos em nossa cidade. Sim, destemidos. Porque se a maior ameaça à minha alegria já se foi, então por que eu deveria me inquietar com as menores? Como você pode dizer: “Bem, eu não tenho medo de morrer, mas tenho medo de perder meu emprego”? Não. Não. Pense! Se a morte (eu disse morte — sem pulso, frio, morto!), se a morte não é mais um medo, estamos livres, realmente livres. Livres para nos arriscar em qualquer coisa sob o sol por Cristo e por amor. Sem mais escravidão à ansiedade.
Se o Filho o libertou, você será livre, de fato!
 

17 de dezembro de 2012

O Jesus dos incrédulos - parte I


 
           Todo ano quando se aproxima da data do natal, diversas mídias vinculam em seus sites, revistas, periódicos, blogs, documentários, etc. Alguma informação “nova” sobre o nascimento de Jesus. A revista superinteressante todo ano traz alguma reportagem sobre a pessoa de Jesus Cristo. Geralmente, essas matérias ressuscitam temas antigos para fomentarem no coração dos novos crentes dúvidas a respeito da historicidade dos relatos miraculosos realizados por Jesus que estão relatados nos evangelhos. Quando não é isso, são questionados os evangelhos que fazem parte do cânon bíblico e que a igreja escondeu por séculos, ou na pior das hipóteses não quis colocar os evangelhos chamados apócrifos por apresentarem uma visão diferente do Cristo dos evangelhos aceitos pela igreja ao longo dos tempos.
            Em uma dessas revistas que pude ler (Editora alto astral) o título da capa é: O verdadeiro Jesus – Conheça o Cristo que a Bíblia não revela – ou não quis revelar. Como sempre ocorre nestas matérias sensacionalistas e de cunho jornalístico duvidoso e parcial, nunca encontramos o contraditório para que haja um debate de idéias sobre um determinado assunto. O que acontece sempre é que só um lado é ouvido na história. Você nunca vê escritores, historiadores, teólogos conservadores apresentarem suas exposições e defesas sobre a vida de Jesus numa perspectiva ortodoxa.
            Geralmente os críticos da Bíblia sugerem que os documentos do Novo Testamento não são confiáveis. Ao pensarem dessa forma, mostram-nos a falta de conhecimento teológico-histórico dos fatos ou são mal intencionados mesmo. Existem muitas evidências convincentes de que o NT é um documento confiável. O NT detém, mais que qualquer outro documento escrito da história antiga, o maior número de manuscritos de antiguidade bem atestada, com cópias bem feitas, escritas por pessoas que cronologicamente se encontravam próximas dos eventos registrados.
            Segundo Libânio a historiografia moderna assumiu alguns cânones da concepção empírica e busca a maior objetividade possível dos fatos. No entanto, não podemos negar a historicidade de Jesus que morreu crucificado sob a ordem de Pôncio Pilatos é factual e não um mito ou uma lenda religiosa conforme os autores da revista supracitada tentam demonstrar em seus argumentos. Se os autores da matéria não estivessem tão tendenciosos sobre este assunto e fossem honestos intelectualmente, reportagens como estas e outras seriam publicadas com mais responsabilidade. Historiadores e filósofos pagãos do 1º século que em nada teriam o que ganhar ao escreverem sobre Jesus referiram-se a ele como figura real e histórica.
           O que de fato acontece é o que a bíblia chama de incredulidade. O apóstolo Paulo em 2º coríntios 4:4 disse: “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”. Sem que haja a iluminação do Espírito Santo nos corações dos homens e mulheres não podemos receber o evangelho da graça.
Marco Carvalho


8 de dezembro de 2012

Os novos ateus


Assistam esse vídeo. Existe um processo de secularização e privatização da fé no Brasil. Aos poucos, os "pensadores" e ateístas de plantão tentam ridicularizar a fé cristã através de leis esdrúxulas. Aguardem outros textos sobre este assunto.

Marco Carvalho

5 de dezembro de 2012

O inferno em que Rob Bell se meteu



Postado por Augustus Nicodemus Lopes
           Acabo de ler a entrevista que Rob Bell deu à revista VEJA desta semana (28/11/2012) com o título “Quem falou em céu e inferno?”. A entrevista provocou intensa polêmica nas redes sociais. Rob Bell se tornou uma figura polêmica quando passou a pregar a salvação de todos os seres humanos no final (universalismo) negando, assim, a realidade do inferno. Este ano ele deixou a igreja que fundou, a Mars Hill Bible Church – não confundir com a Mars Hill Church do Mark Driscoll, uma não tem nada a ver com a outra – para se dedicar ao ministério itinerante percorrendo, segundo a revista VEJA, “o mesmo circuito das bandas de rock”.
            Inteligente, carismático, conectado e bom comunicador, Rob Bell tem atraído muitos jovens evangélicos no Brasil, especialmente após o lançamento de seu livro O Amor Vence no ano passado e seus vídeos muito bem produzidos no YouTube. Achei a entrevista dele extremamente esclarecedora, mesmo considerando que estas entrevistas são editadas e por vezes amputadas pelos editores e raramente publicadas na íntegra. Se o que temos na VEJA é realmente o pensamento de Rob Bell, então declaro aqui que poucas vezes na minha vida vi uma figura religiosa de prestígio se contradizer tanto em um espaço tão curto. É por isto que esta entrevista é esclarecedora. Qualquer evangélico de bom senso, que tenha um mínimo de conhecimento bíblico e que saiba seguir um raciocínio de maneira lógica irá se perguntar o que Rob Bell tem que atrai tanta gente.
            Vou começar reconhecendo o que não há de tão ruim na entrevista. Bell se posiciona contra o aborto e reconhece as limitações do darwinismo para explicar a totalidade da existência, embora aceite que Deus poderia ter usado o processo evolutivo como o método da vida. Bell também está certo quando diz que céu e inferno são “como dimensões da nossa existência aqui e agora”. Concordo com ele. Os ímpios já experimentam aqui e agora, alguns mais e outros menos, os sofrimentos iniciais do inferno que se avizinha. Da mesma forma, os salvos pela fé em Cristo, pela graça, já experimentam o céu aqui e agora, embora de forma limitada. Lembremos que Jesus disse que quem crê nele já tem a vida eterna. O Espírito em nós é o penhor da nossa herança e nos proporciona um gosto antecipado do que haverá de vir.
            Surpreendente para mim foi ver que nesta entrevista Bell não nega o céu ou o inferno depois da morte, mas sim que possamos saber com certeza que eles existem depois da morte. Nas suas próprias palavras, “acredito que céu e inferno são realidades que se estendem para a dimensão para a qual vamos ao morrer, mas aí já entramos no campo da especulação”. A “bronca” dele é com a certeza e a convicção que as igrejas e os evangélicos têm de que após a morte existe céu e inferno. “Vamos pelo menos ser honestos. Ninguém sabe o que acontece quando morremos. Não tem fotografia, não tem vídeo”. É claro que, por este critério, também não podemos ter certeza se Deus existe ou que Jesus existiu, pois não temos nem foto nem vídeo deles – que eu saiba...
            Nesta mesma linha, ao se referir ao fato de que acredita que Deus ao final vai conquistar todos, diz “não sei se isso vai acontecer, também não sei o que acontece quando morremos.” Então, tá. Não sabemos o que acontece depois da morte. Mas é aí que começam as contradições de Rob Bell. Ao ser perguntado se Gandhi, que não era cristão, estaria no inferno, ele responde “acredito que está com o Deus que tanto amou”. Isso só pode ser o céu, certo? A resposta coerente e honesta com seu pressuposto seria “não sei”.
            Da mesma forma, quando a revista pergunta sobre Hitler, se ele está no céu, Bell responde que Deus deu a Hitler o que Hitler buscou a vida toda, “infernos para si e para os outros”. E acrescenta “qualquer reconciliação ou perdão, nesse caso, está além da minha compreensão”. Se esta resposta não quer dizer que Hitler recebeu o inferno da parte de Deus depois da morte não sei o que mais poderia representar. A resposta coerente e honesta deveria ter sido esta: “não sei”, o que significa dizer que ele admite a possibilidade de Hitler ter ido para o céu.
            A certa altura o jornalista perspicaz indaga acerca do livre arbítrio: “não existe escolha, então, ninguém pode dizer não ao paraíso?” E Bell retruca, “acho que você pode dizer não ao paraíso e neste caso talvez você fique em algum estado de rejeição ou resistência. Talvez seja esse o estado que as pessoas chamam de ‘inferno’”. Bom, parece por esta resposta que para Bell o inferno é na verdade o céu, só que os condenados no céu viverão em estado constante de rejeição e resistência a Deus. Mas, qual o céu disto e neste ponto, em que difere do inferno? Vá entender... e é claro, de onde ele tirou esta ideia? Se não temos na Bíblia informação suficiente para saber se o céu e o inferno existem, muito menos para uma teoria destas.
            Não é difícil identificarmos as origens destas contradições tão óbvias no pensamento de Rob Bell. A primeira e mais importante é que ele rejeita o ensino de Jesus Cristo nos Evangelhos sobre o inferno e o céu. Se Jesus era a personificação do Deus que é amor – e amor é, para Bell, o mais importante, senão o único, atributo de Deus – este é um fato que não pode ser desprezado. Eis alguns poucos exemplos:
·         Mat 5:22 Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.
·         Mat 5:29 Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno.
·         Mat 5:30 E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno.
·         Mat 10:28 Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.
·         Mat 11:23 Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje.
·         Mat 16:18 Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
·         Mat 18:9 Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado no inferno de fogo.
·         Mat 23:15 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!
·         Mat 23:33 Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno?
·         Marcos 9:43 E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível
·         Marcos 9:45 E, se teu pé te faz tropeçar, corta-o; é melhor entrares na vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno
·         Marcos 9:47 E, se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois seres lançado no inferno,
·         Lucas 10:15 Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno.
·         Lucas 12:5 Eu, porém, vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis temer.
·         Lucas 16:23 No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio.
·         Mat 13:42 e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes.
·         Mat 3:12 A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível.
·         Mat 25:41 Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. E irão estes para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna.
·         João 15:6 Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.
·         Mat 22:13 Então, ordenou o rei aos serventes: Amarrai-o de pés e mãos e lançai-o para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes.
            As referências de Jesus ao inferno, como o castigo eterno dos ímpios, formam reconhecidamente um dos temas dominantes do ensino dele, como pode ser claramente visto acima. Contudo, Rob Bell afirma contra todas as evidências que Jesus falou muito mais do sofrimento real que as pessoas têm aqui neste mundo. É claro que o Senhor Jesus se preocupou com o sofrimento presente, mas consistentemente, como pode ser visto nas passagens acima, ele nos avisa que o sofrimento eterno é muito pior.
            O que espanta é o uso seletivo que Rob Bell faz das palavras de Jesus. Ele ignora por completo todas as passagens cima em que Jesus fala do inferno, mas se refere à fala dele sobre os sofrimentos físicos. Bell fala várias vezes na mensagem de amor pregada por Jesus. Mas, de onde ele tirou estas informações acerca da pregação de Jesus? Só pode ter sido do Novo Testamento, o único documento que a preservou. Mas, então, por que ele ignora uma das maiores ênfases da pregação de Jesus, que foi o castigo eterno preparado para os ímpios?
            Se Rob Bell diz que não podemos ter certeza de que o céu e o inferno existem, como ele pode ter certeza, então, que Jesus pregou sobre o amor e o sofrimento das pessoas neste mundo? Estas coisas todas estão no Novo Testamento. É evidente a interpretação enviesada, preconceituosa e selecionada que ele faz, conservando as passagens que lhe interessam e rejeitando as que o contradizem.
            Outra razão para as contradições de Rob Bell é a sua base epistemológica. Ele declara: “nunca fiquei preocupado com sistema doutrinário, nunca me empenhei em ter confirmação de meu dogma.” Tudo bem. Mas, então, o que ela pensa sobre céu e inferno é o que? Para mim, é sistema doutrinário e dogma. É teologia. Mas, onde ele baseia suas ideias, enfim? A resposta é surpreendente: “tive alguns encontros meus, profundos, com o amor de Deus que tiveram sobre mim, digamos, um impacto pré-cognitivo.” Parece que ele teve algumas experiências que serviram para orientar a sua teologia. Aqui o ensino das Escrituras passou longe, como única regra de fé e prática. Bell é mais um daqueles hereges que apela para suas experiências como fonte de autoridade. Nada novo aqui.
            E deve ser por isto que o conceito dele sobre Deus é tão equivocado. Deus é amor, diz Bell. Por isto, a salvação universal deve ser o ponto de partida. Para ele, é “incompreensível um cristão que não considera a salvação universal como a melhor saída, a melhor história”. O erro deste raciocínio, evidentemente, é não levar em conta que Deus também é justo, verdadeiro, santo e reto. Não se pode separar os atributos de Deus e não podemos considerá-lo a partir de um destes atributos somente. O amor de Deus deve ser levado em conta juntamente com a sua santidade e sua justiça. Portanto, um cristão verdadeiro não considera o universalismo como a melhor saída ou o melhor fim da história. O melhor fim da história é aquele escrito por Paulo:
            Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? (Rom 9:22-24).
            A melhor saída é aquela onde Deus expressa a plenitude do seu ser, o seu amor e a sua ira, nos que se salvam e nos que se perdem, no céu e no inferno. Por fim, Bell faz uma inferência historicamente equivocada em suporte de seu argumento. Afirma ele que “as pessoas mais interessadas em discutir o inferno depois da morte são as menos interessadas em discutir o inferno sobre a terra”. Não há dúvida de que entre os evangélicos que acreditam no céu e no inferno há muitos que não se importam com as questões sociais, mas a afirmação de Bell é uma generalização grosseira. Calvino, Lutero e os demais reformadores criam no inferno e pregavam abertamente sobre ele. Contudo, poucos fizeram tanto para diminuir o sofrimento da Europa de sua época, abrindo escolas, hospitais, orfanatos, brigando contra leis injustas, o monopólio de alimentos e a corrupção do Estado. Outros muitos exemplos poderiam ser dados para contradizer esta falácia de Rob Bell.
            Obrigado, revista VEJA, por ter exposto o pensamento de Rob Bell ao Brasil, as suas incoerências, sofismas e as origens de suas ideias estranhas. Como sempre acontece com as seitas, muitos os seguirão. Mas, como nos disse o apóstolo João: “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos. (1Jo 2:19).