11 de outubro de 2011

Entre as andanças da vida

        

     A vida nos proporciona e nos permite andanças, mudanças e aprendizado constante. E para aqueles que estão à procura de algo substancial e relevante para suas vidas no que tange uma práxis cristã fundamentada em Cristo, penso que a espiritualidade “mundana” seja uma proposta interessante. Vivemos a era das tecnologias e das informações on-line. Temos o mundo em nossas mãos dirão algumas pessoas mais empolgadas. Porém, apesar de tanta informação e de podermos nos comunicar com o mundo inteiro através de um click, como bem disse Bauman em seu livro “vidas desperdiçadas”: “existe um crescimento incontrolável do “lixo humano”, pessoas descartáveis ou “refugadas”, que não puderam ser aproveitadas e reconhecidas numa sociedade cada vez mais seletiva”.
     É interessante pensarmos sobre como devemos atuar neste contexto tão desolador onde pessoas são vistas como objetos descartáveis. Neste sentido, o lixo que temos produzido tem reflexos na sociedade de consumo cada vez mais carregada de uma ideologia consumista e que incentiva a individualização do indivíduo, que acarreta na negação do ser humano em ser solidário com seus semelhantes.
    Em tempos onde a descartabilidade das pessoas tem imperado em todos os segmentos da sociedade, consequentemente os cristãos também são afetados em suas comunidades de fé. Penso que a alternativa possível para este problema seja nos voltarmos para a simplicidade das coisas. Um texto que pode nos ajudar a elucidar isso é o caminho dos discípulos de Emaús.
   Neste texto é importante olharmos nas entrelinhas da letra. Ali homens e mulheres são desafiados a caminharem junto com o mestre das andanças. Entre o primeiro passo e a chegada do percurso existe a caminhada. E nela é onde aprendemos com Jesus como o diálogo, a comunhão, a partilha e o aquecer dos corações podem trazer o refrigério para a alma abatida.
     Uma espiritualidade “mundana” é aquela que está apta para ouvir o outro e nos conduzir numa jornada de maturidade e diálogo constante. É interessante notarmos na leitura do texto que enquanto os discípulos conversavam um com o outro eles não percebiam quem os estava acompanhando. Assim somos nós quando nossos olhos ficam entenebrecidos de reconhecer o mestre. Somente com os olhos iluminados pelo Espírito de Deus é que podemos de fato reconhecer com quem estamos andando e sentirmos o acolhimento de Cristo quando nos assentamos com ele para cear.
     Nestas andanças em que Jesus se assenta conosco, somos desafiados à partilha em um mundo cada dia individualizado e voltado para seus próprios dilemas. Onde quem não consume conforme disse Bauman: “torna-se refugo humano e o que é consumido transforma-se em lixo”, a proposta de Jesus da simplicidade é intrigante e de rompimento de paradigmas com o nosso eu. E só conseguiremos chegar a varonilidade perfeita quando entrarmos na espiritualidade que é construída no caminho. Ou seja, com o suor do rosto, com as lágrimas da vida, com o sorriso de uma criança, com as mãos calejadas, com os pés descalços e com o coração cheio da graça de Deus. É neste caminhar que todos e todas são convocados a trilharem sua espiritualidade cristã. Shalom!
Marco Carvalho

4 comentários:

  1. Shalom! Precisamos a cada dia refletirmos sobre nossa caminhada. Nós, como homens, somos condicionados a pensar no ponto final, no lugar de chegada. Porem, vemos que a preocupação do nosso Senhor é o nosso caminho. Pensamos em nossa caminhada.
    Everton Belém

    ResponderExcluir
  2. Fala meu amigo ewerton. É na caminhada que somos convidados pelo mestre ao discipulado e amadurecimento.

    Fica na paz.

    ResponderExcluir
  3. Acho que a nossa caminhada cristã é um amadurecimento a cada instante a cada prova,a cada tribulação,a cada erro ou acerto,estamos crescendo e aprendendo cada vez mas com Deus e isso é essencial pra nossa vida,saber esperar saber confiar em Deus e saber que o que ele tem preparado para cada um de nós no fim é algo muito melhor.

    ResponderExcluir
  4. Olá Paulinha. Que Deus abençoe sua vida e obrigado pelo comentário.

    ResponderExcluir