“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”.
Definir felicidade não é uma tarefa das mais fáceis de serem ditas, porém o que se observa são várias pessoas escrevendo, dando soluções e propondo caminhos para essa tal felicidade que teima em bater em nossa porta. Milhões de livros são vendidos sobre a temática da felicidade. Daí fico a imaginar o quão importante seja essa busca do ser humano em ser feliz.
Penso que a felicidade está enraizada no princípio do relacionamento, que tem-se perdido em nossos dias agitados de verão escaldante. Apesar de vivenciarmos a era da tecnologia, vivemos sob cárceres privados e num isolacionismo abundante na sociedade pós-moderna. O prazer nos relacionamentos tem ficado pra trás, assim como, as folhas murchas que caem no chão e perdem seu propósito original de serem vistosas e dar aquele colorido tão singelo e especial. Pois para que serve uma folha murcha e seca longe da árvore que lhe proporciona todo o alimento necessário para sua existência? Assim tem sido a vida milhares de pessoas neste mundo globalizado, mas vazio de significado e relevância.
Se não há um sentido de existencialidade não há também continuidade da espiritualidade apresentada por Jesus no sermão do monte. Nossa busca pela felicidade está baseada em nossa necessidade de relacionamentos, desde o começo da humanidade. O caminho que nos tem sido apresentado são contrários aos valores reais do Reino de Deus. Pois, o que nos apresentam é o percurso da posse e dos bens materiais que possuímos. Sendo assim, o que vemos não são relacionamentos construídos na intimidade, mas, na superficialidade.
Em tempos de crises existenciais, a resposta para felicidade integral de homens e mulheres precisam estar fundamentadas na simplicidade do Cristo ressurreto que nos ensinou um caminho melhor e possível ainda que pareça algo utópico. Na lógica do Reino, não precisamos de bens materiais para obtermos a felicidade. O caminho proposto por Cristo é outro e desafiador neste mundo marcado pelo capitalismo exacerbado e que nutre nos corações anseios e sentimentos de culpa e fracasso quando não se alcança o sonho imaginado.
Nas páginas do Novo Testamento, podemos encontrar o real sentido da felicidade humana descrito no seu sermão mais profundo e cheio de verdade e reflexão. Nas bem-aventuranças não há espaços para pseudo-alegrias e ufanismos distantes da realidade. Tudo é construído no solo e não nos ares. É como a brisa do entardecer que ao tocar em nosso corpo produz frescor e refrigério mesmo sem vermos este vento tocando-nos. Naquele momento em que Jesus revelava o real sentido da felicidade e como podíamos alcançá-la, acredito que muitos ficaram decepcionados com as palavras do Mestre. Pois não encontramos aqui fórmulas mágicas que servem apenas para atenuar e ludibriar questões mais profundas da alma humana. Como entender que feliz é o que chora e não o que sorri sempre?
O caminho para felicidade na espiritualidade apresentada por Jesus é marcada pelos relacionamentos, e para se relacionar é necessário haver doação e entrega do meu eu em direção ao outro sem reservas. Talvez, os pacificadores são chamados filhos de Deus, porque estes se preocupam com o bem do outro em detrimento de si. Feliz é aquele que chora, mas não os seus próprios egoísmos, mas chora copiosamente pelas vidas que perecem sem a graça de Deus. Jesus finaliza com a maior expressão de felicidade: Viver por uma causa maior do que meu próprio orgulho, maior do que minha própria vida. Viveremos felizes quando anunciarmos que chegou o tempo de paz, Justiça, alegria, perdão e graça. Encontraremos a felicidade no Reino onde não existirá mais escravos e senhores mas, amigos. Termino citando Shakespeare “sofremos muito com o pouco que nos falta e gozamos pouco o muito que temos”.
Marco Carvalho
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