22 de maio de 2012

MARCHA CONTRA JESUS



            Neste último sábado dia 19/05 às 14:00h fomos invadidos com uma passeata de “evangélicos” que marchavam da central do Brasil até a Cinelândia que segundo os organizadores do evento tinha por objetivo defender a família tradicional, a liberdade de expressão e o direito à vida. Entretanto, a pergunta que não pulsa em meu coração e espero que no seu também, quem foi que elegeu este cidadão como nosso paladino da moralidade? Não quero ser confundido com esses crentes! Deus me livre!!! O que aconteceu nesta marcha é o mais puro retrato do evangelicalismo brasileiro, salvo algumas exceções. Um povo andando como que seduzido pelo canto das sereias (digo pastores) vão caminhando a passos largos para longe da graça de Deus.
            Gostaria de ver todo este ajuntamento de pessoas lutando contra a corrupção de nosso país, contra a violência, a fome, a desigualdade social e tantas outras mazelas de nossa sociedade contemporânea. Não acredito que se não houvesse os shows gospel e se as lutas fossem pelas razões acima, duvido que teríamos o mesmo público. Penso que temos visto as questões do aborto e do homossexualismo de forma muito reducionista, reacionária e motivada por interesses políticos escusos. Qual a diferença entre o pecado do homossexualismo para o da corrupção da chamada bancada evangélica que tem envergonhado os cristãos e dado um péssimo testemunho perante a sociedade?
            Enquanto tratarmos destes assuntos pelo viés do moralismo fascista não conseguiremos “marchar” em favor daqueles que tanto sofrem abusos pela sua sexualidade e das chacotas que ferem a alma destes que também carecem da graça e misericórdia do Senhor assim como qualquer pessoa. Infelizmente, o que temos visto pelos meios de comunicação nestas marchas, são na verdade um interesse mesquinho e sórdido que está por trás das cortinas. No livro de Isaías encontramos algumas questões que nos levam a refletir sobre esta liderança pastoral midiática que tem agido impiamente.
Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e fiquem como únicos moradores no meio da terra! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos! Dos que justificam ao ímpio por suborno, e aos justos negam a justiça! (Isaías 5:8,21,23).

Marco Carvalho

O que é o evangelho? parte 2


1.4 – O conteúdo do evangelho (v. 3 e 4)
            Precisamos compreender que a essência do evangelho é o filho de Deus. Jesus é o centro do evangelho. As nossas mensagens precisam ser cristocêntricas. Nossas canções precisam revelar a grandeza de Deus. Hoje o que vemos em muitas canções evangélicas é o homem como sendo o centro de tudo. 
            Em muitas igrejas os sermões deixaram de falar de Jesus, de sua obra, do seu sacrifício e de sua volta. Falar da volta de Jesus nas igrejas hoje não dá ibope. Falar da morte, da ressurreição de Cristo e da sua maravilhosa graça não enche igreja. As pessoas precisam ouvir o verdadeiro evangelho e não uma imitação barata que envergonha os cristãos na sociedade por causa dos falsos mestres que estão na TV ensinando um evangelho mentiroso.
            Paulo fala de duas verdades fundamentais do conteúdo do evangelho que não podemos nos esquecer. O primeiro é a encarnação. Jesus veio a este mundo em carne. A encarnação de Cristo é um dos pilares do evangelho. Quando falamos da encarnação nos lembramos da humilhação de Cristo. Num determinado tempo da história Jesus veio ao mundo e se fez carne e nos substituiu na cruz do calvário para morrer por nossos pecados. A nossa pregação precisa falar disto. Senão não é evangelho.
            A segunda coisa é que Jesus ressuscitou. No verso 4 Paulo nos mostra que O filho de Deus se manifestou primeiro com fraqueza e depois com poder. Jesus foi o filho de Deus em fraqueza e humildade na encarnação. A ressurreição de Cristo marca o fim do sofrimento do Messias e o começo do seu senhorio eterno. A nossa mensagem precisa enfatizar a ressurreição de Jesus e o seu domínio sobre toda a ordem criada.
1.5 – O ALCANCE DO EVANGELHO (V. 5)
            O evangelho de Cristo é o poder de Deus para mudar o mundo. Esta mensagem tem na pessoa de Jesus o centro de tudo. O evangelho precisa ser pregado a todas as nações, tribos, línguas e povos. Os judeus pensavam que as boas-novas da salvação eram destinadas somente para eles. Eu e você precisamos compreender que a mensagem é para toda e qualquer pessoa. Independentemente de sua posição social, etnia, crença, se faz necessário reconhecermos que o evangelho é de Deus e não nosso. Somos apenas os proclamadores desta mensagem e não detentores dela.
            Preciso dizer que o evangelho é universal em seu alcance, mas não universalista em sua aplicação. Seu propósito é salvar apenas ao que crê em Jesus como Salvador e Senhor. Esta idéia de que todos os caminhos levam a Deus e que no final todos serão salvos, à luz das Escrituras é uma falácia. Por isso Paulo foi um grande missionário e pregador itinerante das boas-novas. Por isso invista em missões. A igreja de Jesus envia, mantém e ora pelos missionários(as) que estão nos campos evangelizando.
1º A IGREJA É PROPRIEDADE EXCLUSIVA DE DEUS (v. 6)
            Esta é uma verdade que precisa ser ensinada nos nossos púlpitos. Nós somos propriedades exclusivas de Deus. Eu e você pertencemos a Cristo e a mais ninguém. Quem está com Cristo jamais se perderá. Quem foi achado por Jesus tem total segurança de sua salvação porque ela não está fundamentada na minha e muito menos na sua mão, mas nas mãos poderosas do Senhor que é sustentador do universo.
2º A IGREJA É O POVO AMADO DE DEUS (v. 7)
            Meus amados irmãos(ãs). Nós somos amados por Deus. Este amor foi demonstrado desde a criação até a nossa reconciliação com Cristo para sempre. Ninguém pode nos separar deste amor. Não fomos nós que escolhemos a Deus, mas Ele quem nos escolheu e nos chamou pelo seu amor. Foi Ele quem nos amou primeiro e não o contrário. Estamos invertendo a ordem das coisas. Parece que Deus é igual supermercado. Quando eu me enjôo troco de mercado e vou pra outro. Com Deus não é assim. Este amor de Deus pelo seu povo dura pra sempre e nada nesta terra pode separar você Dele.
3º A IGREJA É CHAMADA PARA VIVER EM SANTIDADE (v. 7a)
            É impossível termos sido alcançados pela graça de Deus e permanecermos como éramos antes. Quem tem o Espírito Santo não tem prazer de viver na prática do pecado. Não estou dizendo que o cristão não comete pecados. Eu e você pecamos e muitas vezes desagradamos ao nosso Deus, porém nos sentimos incomodados em nossa consciência de que precisamos voltar aos caminhos de Deus e vivermos de maneira digna e honrosa. A igreja é chamada do mundo, para ser separada do mundo, mesmo vivendo no mundo, para vivermos exclusivamente para Deus no mundo como sal e luz. Todos os cristãos são chamados por Deus para viverem uma vida santa e pautada na palavra de Deus.
4º A IGREJA É O POVO QUE RECEBEU GRAÇA E PAZ DE DEUS (v. 7b)
            Se você pertence à igreja do Deus vivo, você já foi abençoado “com toda a sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo”. (Ef 1:3). É importante notarmos que tanto a paz quanto a graça fazem parte da vida da igreja e consequentemente do corpo de Cristo. A graça é o favor ou presente que não merecíamos receber, mas Deus em seu infinito amor nos presenteou assim mesmo. Oferecendo-se como pecado em nosso lugar. A paz é o estado de reconciliação com Deus dos nossos pecados através da graça recebida de Jesus. A graça é a causa da salvação; a paz, o seu resultado. Amém.

Marco Carvalho

14 de maio de 2012

O que é o evangelho? parte 1

TEXTO: ROMANOS 1:1-7
            A carta aos romanos é mais que um grande tratado teológico. Esta carta foi uma das últimas cartas escritas pelo apóstolo. E sem dúvida alguma os seus pensamentos estão muito mais amadurecidos nesta carta. Esta é uma das poucas cartas de Paulo que não é endereçada a pessoas, mas a uma comunidade. Sem dúvida alguma que a carta aos Romanos é a mais importante de todas as cartas do apóstolo Paulo. Ao olharmos para a história iremos verificar o quanto que esta carta influenciou o pensamento de grandes personagens cristãos. Podemos citar: Calvino, Lutero, Agostinho, Barth, Wesley e outros.
            Temos visto que infelizmente muitos lugares chamados de “igreja de Cristo” não pregado o verdadeiro evangelho. Antes, tem se beneficiado do evangelho com falsas promessas, falsos milagres e um culto centralizado em seus líderes e não na pessoa de Cristo. A carta aos romanos antes de ser um grande tratado teológico, ela é uma defesa do evangelho da graça de Deus e também qual deve ser a sua mensagem.
            O meu objetivo nesta exposição do capítulo 1:1-7 de Romanos é nos levar a refletir sobre qual a essência do evangelho, qual a mensagem que devemos pregar nos dias de hoje e as marcas desta igreja. Será que o evangelho mudou? Está ultrapassado? Será que esta mensagem não é mais o poder de Deus para transformar o ser humano? E o que tem sido pregado pelos líderes da mídia é o evangelho de Jesus? Que possamos sair daqui com o nosso coração gratos a Deus por termos sido alcançados pela mensagem poderosa do evangelho.
1 – AS MARCAS DO VERDADEIRO EVANGELHO
            Vivemos tempos difíceis na igreja brasileira no que diz respeito à pregação. Em muitos lugares a mensagem tem sido reduzida a sermões de auto-ajuda e de palavras de efeito que seduzem nosso coração com bajulações, mas que não transforma o caráter e que não o confronta com o seu pecado. Em outro extremo vemos também muita erudição e palavras poéticas dos púlpitos, muitas citações de autores de literatura, poesia e frases de grandes sábios. Palavras que massageiam nosso ego e alimentam apenas nossa mente mais não chega à alma humana. Bem longe destes dois extremos está o apóstolo Paulo que inspirado por Deus descreve com maestria o que é o evangelho. Seis verdades cruciais precisam ser destacadas nestes versos.
1.1 – Paulo era Servo de Cristo (v. 1)
            Esta palavra servo no original grego tem a idéia de escravo. Ou seja, aquele que foi comprado por um preço e que pertence ao seu senhor e está completamente à sua disposição. Um escravo não tem liberdade para fazer o gosta. Um escravo vive para agradar ao seu Senhor e lhe obedecer. Diferentemente nos dias de hoje onde vemos muitos cristãos mandando e dando ordens a Deus dizendo eu decreto, eu mando, eu determino. Tem igrejas que dizem até quando Deus vai curar as pessoas. Vemos pela TV pastores e líderes dando a agenda dos serviços religiosos que ela tem. Tem dia para tudo na igreja. Dia da cura, da prosperidade, da família, da libertação, etc.
            Ao contrário destas novidades, Paulo é escravo de Cristo. Sendo que ele não é escravo de um ser perverso e cruel. Ele é escravo daquele que o comprou com seu sangue e que o conquistou com sua infinita graça e seu imenso amor.
1.2 – Paulo foi separado para pregar o evangelho de Deus (v. 1)
            É importante notarmos que Paulo foi separado não para anunciar qualquer evangelho, mas o evangelho de Deus. Então, nem tudo o que ouvimos por aí é o evangelho puro e simples de Jesus. Existem muitos evangelhos sendo ensinados em nossas igrejas. São mensagens de homens e não de Deus. Elas não edificam o corpo de Cristo, pelo contrário, só causam divisão, dor e mágoas. No texto podemos identificar que a fonte do evangelho não é Paulo. Ele é apenas o mensageiro da palavra. O evangelho não é do Marco, do Moisés, do bispo, do Waldomiro ou de qualquer outra pessoa. O verdadeiro evangelho é de Deus. Toda a essência da palavra vem do próprio Deus.
            Nós não temos o direito de anunciarmos outra mensagem que não seja as boas-novas. A mensagem que devemos pregar é a palavra de Deus. Há muitos “evangelhos inventados ou distorcidos pelos homens. Esses evangelhos não passam de falso evangelho. O evangelho de Cristo é o próprio Deus revelado a nós. O evangelho não é uma resposta ao homem perdido, ele é a única resposta.
1.3 – O evangelho foi algo prometido desde o Antigo Testamento (v. 2)
            Nos enganamos quando pensamos que a mensagem de Deus para salvar o perdido começou com o advento de Cristo. O texto nos diz que essa mensagem nos foi prometida pelos profetas. Quer dizer que Deus não tem um plano B porque o A deu errado. O evangelho foi concebido desde a eternidade, anunciado por Deus na história, prometido pelos profetas, prefigurado nos sacrifícios judaicos e totalmente cumprido na morte e ressurreição de Jesus. No antigo testamento estava um prenúncio do que haveria de vir. O evangelho que Paulo anuncia é aquele prometido pelos profetas do Antigo Testamento e revelado aos apóstolos no Novo Testamento.
            Ouçam o que vou lhes dizer: eu e você não somos obrigados a crer em nenhum sinal, prodígio ou maravilha contemporâneo. Entretanto, eu e você somos chamados a crer no maior milagre de todos que foi a ressurreição literal de Jesus. Este milagre nós não podemos rejeitar. O apóstolo Paulo crê na suficiência das Escrituras para revelar o conteúdo do evangelho. Paulo diferentemente de muitos pregadores modernos, não aceita outro evangelho além daquele que foi revelado na Palavra de Deus. O verdadeiro evangelho está contido apenas na Bíblia.

Marco Carvalho