Ao olharmos atentamente para a realidade da igreja brasileira no que diz respeito aos cultos, temo em ficarmos preocupados com o que tenho visto. A impressão que tenho é que os nossos cultos, liturgia e adoração estão cada vez mais centrados no homem do que em Deus. Basta darmos uma olhada nas letras das músicas que são os grandes “hits” do momento que podemos confirmar isto sem muito esforço.
Foi-se o tempo onde nas comunidades de fé as pessoas se reuniam para adorar ao Senhor com o coração grato a Deus por ter sido salvo e ter tido sua vida transformada por Jesus. Nossos cultos deixaram de ser cultos para se tornarem “celebrações”, nossas liturgias se transformaram em “ministrações” e nossa adoração se tornou show. Obviamente que nem tudo o que temos por aí é desprovido de qualidade e espiritualidade sadia, porém, em muitos lugares chamados de igreja parece que temos perdido o real significado de nos reunirmos em gratidão ao Deus triúno.
A idéia predominante na mentalidade cristã atual é que só adoramos na igreja e só com música ou danças. Esquecemos-nos que tudo o fazemos é para a glória de Deus e que devemos exercitar o nosso culto antes de chegarmos na congregação. O verdadeiro culto tem o seu início com renovação de nossa mente e com um coração contrito diante daquele que nos chamou para sua maravilhosa graça. Entretanto, o que se vê hoje é justamente o contrário. O centro da adoração são as minhas aspirações e desejos nem sempre comprometidos com o Deus da Palavra, mas sim, voltados para outro deus que crio conforme minhas necessidades.
Neste novo “culto” a pregação fica em segundo plano, pois na verdade não estamos muito interessados em crescer na graça e no conhecimento do Senhor Jesus, mais sim tomarmos alguns analgésicos espirituais que possam aplacar a ira divina com meus serviços religiosos prestados. A nossa inquietude é tamanha que não conseguimos sequer fazermos uma oração contemplativa ou silenciosa porque precisamos do barulho para sentir um arrepio na alma.
Infelizmente por não conhecermos e prosseguirmos em conhecer o nosso Deus, acabamos paganizando nossas liturgias, adoração e culto em nossas reuniões cristãs. Quando tiramos Deus do centro do culto automaticamente o substituímos por algum ídolo ainda que inconscientemente. A impressão que tenho é que o povo precisa ser usado como objeto de manipulação nas igrejas para que o mesmo viva sempre atrás de algo a mais e que nunca encontram porque estão lançando seus fundamentos na lama e não na rocha eterna que é o próprio Cristo.
Por mais dura que seja estas observações, é o que tem acontecido no evangelicalismo brasileiro. Porém, ainda há esperança, pois sempre haverá um remanescente fiel as escrituras e que com corações desejosos em adorar e servir o Deus eterno em sua integralidade. Que possamos voltar aos cultos simples e ao evangelho puro e transformador do Mestre do amor.
Marco Carvalho