29 de novembro de 2011

O culto que Deus recebe



          Ao olharmos atentamente para a realidade da igreja brasileira no que diz respeito aos cultos, temo em ficarmos preocupados com o que tenho visto. A impressão que tenho é que os nossos cultos, liturgia e adoração estão cada vez mais centrados no homem do que em Deus. Basta darmos uma olhada nas letras das músicas que são os grandes “hits” do momento que podemos confirmar isto sem muito esforço.
         Foi-se o tempo onde nas comunidades de fé as pessoas se reuniam para adorar ao Senhor com o coração grato a Deus por ter sido salvo e ter tido sua vida transformada por Jesus. Nossos cultos deixaram de ser cultos para se tornarem “celebrações”, nossas liturgias se transformaram em “ministrações” e nossa adoração se tornou show. Obviamente que nem tudo o que temos por aí é desprovido de qualidade e espiritualidade sadia, porém, em muitos lugares chamados de igreja parece que temos perdido o real significado de nos reunirmos em gratidão ao Deus triúno.
         A idéia predominante na mentalidade cristã atual é que só adoramos na igreja e só com música ou danças. Esquecemos-nos que tudo o fazemos é para a glória de Deus e que devemos exercitar o nosso culto antes de chegarmos na congregação. O verdadeiro culto tem o seu início com renovação de nossa mente e com um coração contrito diante daquele que nos chamou para sua maravilhosa graça. Entretanto, o que se vê hoje é justamente o contrário. O centro da adoração são as minhas aspirações e desejos nem sempre comprometidos com o Deus da Palavra, mas sim, voltados para outro deus que crio conforme minhas necessidades.
         Neste novo “culto” a pregação fica em segundo plano, pois na verdade não estamos muito interessados em crescer na graça e no conhecimento do Senhor Jesus, mais sim tomarmos alguns analgésicos espirituais que possam aplacar a ira divina com meus serviços religiosos prestados. A nossa inquietude é tamanha que não conseguimos sequer fazermos uma oração contemplativa ou silenciosa porque precisamos do barulho para sentir um arrepio na alma.
      Infelizmente por não conhecermos e prosseguirmos em conhecer o nosso Deus, acabamos paganizando nossas liturgias, adoração e culto em nossas reuniões cristãs. Quando tiramos Deus do centro do culto automaticamente o substituímos por algum ídolo ainda que inconscientemente. A impressão que tenho é que o povo precisa ser usado como objeto de manipulação nas igrejas para que o mesmo viva sempre atrás de algo a mais e que nunca encontram porque estão lançando seus fundamentos na lama e não na rocha eterna que é o próprio Cristo.
        Por mais dura que seja estas observações, é o que tem acontecido no evangelicalismo brasileiro. Porém, ainda há esperança, pois sempre haverá um remanescente fiel as escrituras e que com corações desejosos em adorar e servir o Deus eterno em sua integralidade. Que possamos voltar aos cultos simples e ao evangelho puro e transformador do Mestre do amor.
 Marco Carvalho
                                                                            


21 de novembro de 2011

E a consciência negra....

 
          Ontem foi o dia da consciência negra para quem não sabe. Ainda que muitos cristãos evangélicos não dêem muita atenção para este dia, ele representa um marco histórico que precisa todo ano ser lembrado em nossas orações e mensagens sempre que possível.
       Contando um pouco de história, esta data ficou estabelecida pelo projeto de lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003. O dia 20 de novembro não foi escolhido a esmo. Nesta data no ano de 1695, morreu Zumbi, líder do quilombo dos Palmares. Uma homenagem mais do que justa, pois este personagem representou a luta do negro contra a escravidão no período do Brasil colonial. Os quilombos representavam uma resistência ao sistema escravista e de certa forma a expressividade da cultura africana aqui no Brasil.
      Em dias em que os “evangélicos” brigam no congresso para criarem o dia do evangélico, os mesmos deveriam promover em suas comunidades de fé um espaço para reflexão e debate contra qualquer tipo de preconceito. Seja ele racial, social, religioso ou de gênero. Lembremo-nos de que em Cristo não há muros que nos separam e sim pontes que servem de travessia ao encontro do outro.  Como disse o apóstolo Pedro: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz; (1 Pe 2:9). Vemos aqui o sacerdócio universal dos cristãos. Não há na lógica do novo testamento Clero e Leigo; Negros e Brancos; homens e mulheres; pobres e ricos, somos todos iguais diante de Deus. Diferentes em etnia ou papéis que desempenhamos mais dignos diante do Cristo.
         Assim como Zumbi foi para Palmares e pelo direito da liberdade dos negros, que nós cristãos possamos lutar contra as desigualdades e injustiças deste mundo tenebroso. Se analisarmos atentamente, veremos que existem muitos quilombos que precisam de novos Zumbis com voz profética e resistam contra aqueles que tentam silenciar a voz da liberdade. Que Deus nos abençoe.

Marco Carvalho

11 de novembro de 2011

Rompendo com as dificuldades da Vida - Parte 1


       
        Na caminhada cristã iremos encontrar vários percalços circunstanciais que nos levarão a pensar em desistir. Em algum momento da existência às coisas não irão tão bem o quanto imaginamos. Todos nós passamos por “dias maus”. O que nos leva a esfriarmos na fé a tal ponto de pensarmos em desistir da jornada? Muitos são os motivos que poderíamos listar. Contudo, penso que o principal motivo seja a falta de uma compreensão mais profunda de quem Deus é. A vida cristã tem seus altos e baixo é verdade, mas quando perdermos ou deixamos obscurecer o nosso entendimento sobre quem é Deus através da iluminação do Espírito Santo, tudo fica mais complicado. O ponto aqui não é um abandono da fé, mas um esfriamento espiritual que abala todo cristão por mais fervoroso que seja.
         Existe no ser humano um vazio existencial que precisa ser preenchido seja através da religião o não. Não pensem que o ateísmo também não seja uma forma de preencher este vazio, através da razão, da ciência e do naturalismo filosófico. No salmo 42 encontramos um homem sedento por Deus e carente de significado. O texto tem um sentido de desespero por uma resposta imediata. Porém, não qualquer resposta, mas algo que preencha o vazio que o aflige. A sua alma estava angustiada num deserto de incertezas e contradições. Quantas vezes não nos sentimos assim?
O salmista abre o seu coração diante de Deus e fala abertamente o quem atormentado sua alma. “As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite”. É muito provável que o salmista estivesse longe de Jerusalém. E estar longe de Jerusalém é o mesmo que estar longe da presença do Senhor. Jerusalém representava toda a segurança e arcabouços necessários para a fé do salmista. Quando perdemos nossa identidade ficamos desesperados porque sentimos uma sensação de falta de pertença e de identificação. Possivelmente era assim que se encontrava o salmista diante daquela situação tão terrível.    
Em tempos de crise e frieza é sempre bom lembrar-se da fidelidade de Deus e ver o futuro na perspectiva do Senhor. Precisamos fazer um exame do nosso coração diariamente. A nossa satisfação e deleite deve estar em Cristo e em mais nada. Ele nos é suficiente. Por isso é tão urgente nos dias atuais resgatarmos com clareza quem é Deus e o significado de sua obra redentora para evitarmos cair nas armadilhas do relativismo e da subjetividade cristã contemporânea.
Marco Carvalho