Não pretendo aqui descrever
os meandros sobre a história do dia internacional da mulher que é cheio de
controvérsias. Entretanto, já que este dia faz parte do nosso calendário, não
posso silenciar-me diante de tantas atrocidades que ocorrem às mulheres no
mundo inteiro e que de alguma maneira procuramos esconder neste dia tão
comercial e alienante. O que mais vemos nesta data são frases prontas para as
mulheres e quase sempre as apresentando como super qualquer coisa. Não é
verdade? É triste notarmos que a grande maioria destas frases só reforçam os
estereótipos femininos, agravam o machismo em suas variadas vertentes e
empobrecem o debate de ideias sobre a situação real das mulheres.
Não é difícil perceber
nos ambientes sociais o quanto que precisamos nos engajarmos nesta luta feminina
por maior dignidade, igualdade de oportunidades e acima de tudo respeito. É
lamentável que em pleno século XXI, as mulheres ganhem menos que os homens
ainda que exerçam a mesma função. Precisamos desconstruir diversos mitos sobre
o “papel” da mulher na sociedade. Quem disse que lugar de mulher é na cozinha?
Que elas são do sexo frágil? Que são heroínas? Que só servem para gastar? Que
usam roupas para outras mulheres e não para o homem? Que precisam ser
excelentes donas de casa? Bem, poderia enumerar um monte de bobagens como essas,
porém, repetir este mantra quase que religioso não produz vida e liberdade às
mulheres, ao contrário, só aumentam a pressão psicológica de se manterem
esteticamente lindas e sem “defeitos”. As
indústrias de beleza vendem a ideia do não envelhecimento feminino a qualquer
preço. São os mais variados métodos que procurar retardar o processo natural da
vida pra todos nós. Com isso não estou dizendo que cuidar-se não seja algo
importante, porém os exageros em nome de um padrão estético não são salutares. Bancar
a supermulher pode ser muito prejudicial à saúde. Pensem nisto!
Nesta
data as lojas de roupas, flores, bombonières, perfumarias e afins faturam
muito. E boa parte de nós entramos nesta histeria consumista de apenas neste
dia presentearmos as namoradas, esposas, mães, filhas, sobrinhas, etc. com
aquilo que é derivado e não à fonte de todas as coisas. Perdemos uma grande
chance de repensarmos como os homens devem se portar diante de tamanha
desigualdade que ainda acontece contra as mulheres que também são imagem e
semelhança de Deus. É inadmissível que tenhamos estatísticas tenebrosas sobre
violência doméstica no Brasil e fiquemos anestesiados por esta data sem
discutirmos sobre o assunto em nossas igrejas. O nome disto é pecado. Em Gálatas
3:28 o apóstolo Paulo nos dá uma lição sobre como devemos enxergarmos uns aos
outros. Assim diz o texto: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre,
homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus”. O Texto trata de três âmbitos
em que muitas mulheres ainda sofrem preconceito: O religioso, o sociológico e o
de gênero. Que o nosso Deus nos liberte destes males!
Pr. Marco Carvalho