6 de abril de 2012

PÁSCOA E JUDAS ISCARIOTES

         
          Estamos chegando a um dos dias do nosso calendário mais importante para a cristandade. Sim, estou me referindo à páscoa. Mas não a páscoa de mercado e do entretenimento que a cada ano tem perdido seu real significado, inclusive para muitos cristãos.  A mídia e todos os meios de comunicação têm focado nos bombons e nos ovos de chocolate que ficam com preços exorbitantes todos os anos e acirrando o mercado consumidor cada vez mais exigente na opção de compra.
            No relato do evangelho de Marcos 14:10-16 encontramos algo que pretendo destacar no atual comportamento evangélico no que diz respeito a esta data tão significativa para todos os cristãos. Neste texto vemos como Judas Iscariotes tramou a traição ao nosso Senhor. Infelizmente, o que tenho observado no comportamento daqueles que deveriam agir com verdade e amor, cada vez mais tem imitado a atitude de Judas.
            Quantos não são os cristãos que traem o nosso Salvador por um falso evangelho que não produz a libertação da opressão que tanto aflige homens e mulheres de todos os credos, etnias e aspectos sociais? Ao invés de celebrarmos o sentido verdadeiro da páscoa, embarcamos na “ética do mercado” e vendemos Jesus por preço de um escravo (30 moedas).
            Como um dos apóstolos caiu em tamanha transgressão? Acredito que o amor ao dinheiro e as riquezas que poderia alcançar fez com que ele sucumbisse. Que não sejamos rápidos em condená-lo ao inferno, afinal, ele tinha um preço. E pergunta que não pode se calar é: qual é o seu preço? Não posso responder por todos, porém as escrituras nos dão respaldo para aprendermos que o maior preço já foi pago na cruz do Calvário por Jesus. “Está consumado” disse Ele.
            Com base neste triste relato de Judas, que possamos ser humildes e servo(as) uns dos outros não considerando ninguém maior ou superior do que o outro. Ao enveredarmos pelo consumismo exacerbado em nossas igrejas, perdemos a oportunidade de compartilharmos do pão e do vinho que é a comunhão dos santos, de trazermos a memória à morte e ressurreição de Jesus ao terceiro dia e de apresentarmos uma viva e eficaz esperança numa sociedade caótica, chafurdada no individualismo e marcada pelo vazio existencial. Devemos ter em mente que Jesus foi crucificado na semana da páscoa judaica e no dia exato em que o cordeiro pascal era imolado no sacrifício. O intuito disto era anunciar para nação judaica que Jesus era o “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29).
            A páscoa (pessach) trazia a memória dos judeus o fim da escravidão no Egito e o início da libertação do povo na travessia do mar vermelho até a condução de Moisés à terra prometida. Entretanto, a maior redenção que a humanidade recebeu gratuitamente foi a que Jesus efetuou na cruz por nossos pecados. Shalom a todos e todas!

Marco Carvalho